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Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Brasil, país do amanhã ou depois

Tomara que o futuro chegue logo e não seja mais procrastinado

Por Deonísio da Silva
Atualizado em 28 abr 2019, 11h21 - Publicado em 28 abr 2019, 11h21

Deonísio da Silva

Na semana passada não celebramos apenas mais um Descobrimento do Brasil. Celebramos 509 anos de muitas procrastinações.

A primeira deu-se ainda antes de nosso país vir ao mundo e chamar-se Brasil. Liderando uma frota ou esquadra de treze naus, Pedro Álvares Cabral ia partir no domingo, dia 8 de março, depois da missa solene e das demais cerimônias de despedida para a longa viagem.

Mas surgiu o imprevisto do mau tempo e ele só deixou a costa na segunda-feira, dia 9 de março de 1500,  para descobrir uma terra cuja existência os sabidos portugueses já não ignoravam.

Deu-se ali a primeira procrastinação e provavelmente o primeiro faz de conta, percebido nestas linhas da segunda das três cartas enviadas ao rei Dom Manuel I contando do “descobrimento” ou “achamento”: “Quanto, Senhor, ao sítio desta terra, mande Vossa Alteza trazer um mapa-múndi que tem Pero Vaz Bisagudo e por aí poderá ver Vossa Alteza o sítio desta terra”.

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Já as duas outras narrativas, a Carta de Pero Vaz de Caminha, e o Relato do Piloto Anônimo, disfarçam melhor ou ajudam o poder metropolitano a esconder ou a omitir, tarefas de resto mais do que justificáveis como estratégias da diplomacia. As cortes católicas para as quais trabalhavam sabiam quem mandava e tinham diplomatas altamente qualificados para trabalhar nos bastidores.

Não vai cair no Enem o que é procrastinação, mas os leitores que não sabem o que é procrastinação têm que ir ao dicionário, pois não há outra palavra tão precisa para designar o adiamento, a transferência ou qualquer outro nome pelo qual o evento seja conhecido. Afinal, “cras” em latim quer dizer “amanhã”.

Desde então o Brasil vive sob o carma da procrastinação. Tudo é deixado para amanhã, advérbio substituído também por depois… E a reforma da previdência? Depois, amanhã ou, melhor ainda, depois de amanhã na semana que vem ou no próximo século.

Mas tem havido alguma exceção. O ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, hoje na prisão, depois de procrastinar 18 pedidos de impeachment para afastar a então presidente da República, enfim aceitou um deles e deu-se a acachapante derrota de Dilma Rousseff, mais dilatada do que a goleada de 7 x 1 imposta pela Alemanha ao Brasil dois anos antes.

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Foi ele também quem advertiu colegas e amigos, depois do processo de cassação de seu mandato, que (hoje) ele seria cassado e preso, mas (amanhã) seria vez de muitos outros.

O escritor judeu-austríaco Stefan Zweig, sobre cujo suicídio, dele e da esposa Charlotte Altmann, aliás, escrevi o romance “Lotte & Zweig”, já publicado também na Itália, dizia que o Brasil era o país do futuro.

Era. Sempre foi. Desde o berço. Mas tomara que o futuro chegue logo e não seja mais procrastinado. Afinal, cantamos em nosso hino, na letra de Joaquim Osório Duque-Estrada, professor do Colégio Pedro II: És belo, és forte, impávido colosso,/ E o teu futuro espelha essa grandeza”.

O autor e professor morreu em 1922 e parecia, de fato, que o futuro estava chegando. Mas atrasou e ainda não chegou, passados tantos anos até o presente 2019.

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*Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
https://portal.estacio.br/instituto-da-palavra

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