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Agosto, mês de azar, e outras superstições

Getúlio Vargas suicidou-se em 24 de agosto de 1954. Jânio Quadros renunciou em 25 de agosto de 1961. É um mês insalubre até para presidentes da República

Por Deonísio da Silva
Atualizado em 5 ago 2018, 11h21 - Publicado em 5 ago 2018, 11h21

Deonísio da Silva

Agosto é mês que nos deixa desconfiados e apreensivos, não desejando, mas aguardando o pior, uma vez que às vezes ele vem.

Getúlio Vargas suicidou-se em 24 de agosto de 1954. Jânio Quadros renunciou em 25 de agosto de 1961. Quer dizer, agosto é insalubre até para presidentes da República.

Mas há outras superstições. Uma das mais comuns é o número 13, estranho às culturas que tinham como referência o 12, nascido da multiplicação dos lados do quadrado (quatro lados) pelos lados do triângulo (três lados). O dia tem 12 horas e a noite mais 12, totalizando 24 horas. A hora tem 60 minutos, 5 x 12. O minuto tem 60 segundos.

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Jacó teve 12 filhos, chefes iniciais das 12 tribos em que se fundou o Estado de Israel. O 12 prosseguiu no Novo Testamento: Jesus teve 12 discípulos. O número 12 nasceu, pois, num contexto que tentava conciliar o sagrado e o profano.

O número 13, ao quebrar esta harmonia, passou a identificar o azar. Ainda hoje vários hotéis dos EUA não têm o 13° andar. Há hospitais sem o quarto 13 e aviões, trens e ônibus sem o assento 13. No tarô, o número 13 a figura que o ilustra é um esqueleto carregando a gadanha, uma espécie de foice, simbolizando a Morte. A gadanha ou a foice corta a grama ou colhe o trigo na seara. E a Morte colhe a Vida. Cálculo malfeito.

Mas quando foi que tudo isso começou? Num desfile, o rei Felipe da Macedônia (século 4 a.C.), pai de Alexandre, o Grande, mandou incluir uma estátua sua às dos 12 deuses que eram levados à frente da procissão e pouco depois morreu assassinado. E Jesus, que formava 13 junto aos 12, morreu traído por um deles.

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A outra superstição tenebrosa é a sexta-feira. Quando a sexta-feira cai num dia 13, o que ocorre em média duas vezes por ano, a coisa fica ainda mais complicada.

Jesus morreu crucificado numa sexta-feira. No dia anterior, quando foi preso, tinha feito a última ceia com os 12 discípulos.

Outra superstição é dos espelhos quebrados: era preciso que os empregados tivessem muito cuidado, pois eram caros quando surgiram; dava azar quebrá-los.

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Abrir um guarda-chuva dentro de casa: era comum machucar alguém que estivesse próximo; então dava azar. Guardá-lo molhado ajudava a enferrujar as hastes; então, dava azar também.

Passar por debaixo da escada: a escada forma um triângulo, a figura perfeita, até Deus é representado nele com um olho no centro na conhecida figura em que aparece escrito “Deus me vê” ou “Deus tudo vê” etc. E poderia cair algo em cima da cabeça de quem passasse ali: uma telha, um tijolo, um pedaço de pau, uma lata de tinta etc; então dava azar.

O dedo do meio da mão, chamado de médio não pelo tamanho, pois é o maior, simbolizava o deus Saturno, venerado nas saturnálias, festas romanas em que rolava muito sexo; passada a festa, indicava ofensa e trazia a sodomia, não mais como prazer, mas como sofrimento.

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Bater na madeira três vezes: muitas árvores eram deusas, a própria floresta formava um panteão; era comum fazer-lhes pedidos, dando pancadinhas nelas; móveis são feitos de madeira: batem-se neles.

Jogar uma moeda na água: a origem é dar uma moeda ao barqueiro Caronte, que levava as almas para além do rio Estige; quem fosse enterrado sem uma moeda na boca, vagava eternamente por aquelas brumas; a Fontana di Trevi, monumento barroco do século 13, em Roma, já recebeu milhões de moedas, atiradas ali por turistas de todo o mundo, junto com os pedidos que fazem.

Trevos de quatro folhas, morcegos, sapos, gatos e corujas completam um arsenal de superstições que invadiram a civilização, onde estão presentes até hoje, desdobrando-se em outros tipos de comportamentos. Afinal, como dizem os espanhóis, nem para tudo a era científica tem explicações: No creo em brujas, pero que las hay! (Não creio em bruxas, mas elas existem!).

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Mas para fechar este artigo, nada melhor do que a praga que a tradição espanhola ensinou-nos a rogar sobre desafetos: que te vejas cercado de advogados. Ou, na variante piorada: que morras cercado de advogados.

Estas duas últimas, rogadas ou não, estão atormentando os políticos presos. Cercados de advogados, muitos deles prosseguem nas delações com o fim de livrar a própria pele, entregando a dos antigos comparsas.

*Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
https://portal.estacio.br/instituto-da-palavra

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