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Por Coluna
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A psicóloga Valdeli Vieira fala sobre estresse em crianças e adolescentes

Segundo a especialista, os jovens não estão conseguindo desenvolver estruturas psíquicas que vão permitir a regulação das emoções

Por Branca Nunes, Cristyan Costa Atualizado em 22 fev 2020, 14h30 - Publicado em 22 fev 2020, 12h44

Agendas lotadas de atividades, muitas horas diante da TV, estresse pela volta às aulas. Esses foram alguns dos assuntos abordados com a psicóloga Valdeli Vieira no programa Perguntar não Ofende, da rádio Jovem Pan. Fundadora do Espaço Potencial, clínica especializada no atendimento de crianças e adolescentes, ela fala da importância da convivência e da conversa entre pais e filhos. Confira trechos da entrevista:

“A agenda cheia tem a função de manter a criança permanentemente ocupada e isso acaba interferindo em outros aspectos da vida fundamentais ao desenvolvimento. A criança precisa ter o tempo do descanso, do brincar – que é o grande estabilizador da vida nesta idade –, e o ‘tempo do nada’, em que ela fica em silêncio elaborando as emoções do dia, entendendo o que aconteceu, pensando sobre o que aprendeu. Estando em movimento o tempo todo, essas atividades tão necessárias ao desenvolvimento sócio-emocional e cognitivo são deixadas de lado”.

“Temos identificado muitos casos de estresse em crianças. Elas não estão conseguindo desenvolver estruturas psíquicas que vão permitir a regulação das emoções, do controle dos impulsos e a tolerância a frustrações”.

“A questão é: as crianças precisam aprender um monte de atividades ou os pais querem que elas estejam ocupadas? Percebo que os pais querem manter os filhos ocupados porque não estão disponíveis. Quanto mais a criança está ocupada, menos ela demanda. Oferecer uma série de atividades acalma os pais. Eles dizem a si mesmos: eu não estou disponível, mas olha tudo o que estou proporcionando para o meu filho. Isso acalma a culpa”.

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“Muitas vezes se confunde estresse com ansiedade. A ansiedade, enquanto sintoma, é um sentimento mais difuso, ligado a uma preocupação, um medo. O estresse, pelo contrário, é uma resposta adaptativa do organismo a uma determinada situação. A volta às aulas pode gerar estresse tanto em crianças que têm uma relação positiva com o ambiente escolar como naquelas que tiveram dificuldades no ano anterior e estão com medo que aquilo se repita. Isso faz parte do desenvolvimento. O que nos preocupa é quando esse estresse atinge níveis mais graves, que geram crises de choro, alterações no sono e outros sintomas físicos”.

“Quando pergunto para alguns pais o que conversam com seus filhos, muitos respondem que perguntam o que ele aprendeu na escola, que nota tirou. Isso não é uma conversa, é uma exigência de desempenho, um questionamento. E a criança e o adolescente se fecham. Quanto mais momentos de convivência os pais conseguirem ter com seus filhos, mais os vínculos se fortalecem. E um vínculo forte oferece um suporte para a criança falar do que ela está vivendo”.

“A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que até os dois anos a criança não seja colocada diante de uma tela para uso recreativo. Dos dois aos cinco anos, é recomendado no máximo uma hora por dia. E, a partir dessa idade, por volta de duas horas. Penso que esse primeiro contato deveria ser postergado, porque isso tem a função de silenciar a criança”.

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“Será que os adolescentes não ficam muito tempo na frente de uma tela porque os pais também ficam? Nas famílias que convivem, que jantam juntos, conversam, o adolescente não fica tanto na frente da telinha, porque tem outras coisas para fazer que também são muito legais”.

“Estamos vivendo um momento muito difícil em termos de saúde mental. Muita pressão, demandas, exigências. Essa ideia de que quanto mais ocupados estamos, mais importantes e competentes somos, pode ser enganosa. As vezes você é muito ocupado simplesmente porque não consegue organizar seu dia. Os adultos também estão exaustos e ficar na frente de uma tela é uma forma de se anestesiar. É quase a mesma relação que se tem com a droga”.

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