Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

A homenagem do sindicato dos delegados da PF a Sarney criou outra brasileirice ultrajante: o investigado condecorado

“Polícia é polícia, bandido é bandido”, ensinou ao Brasil dos anos 70 o delinquente Lúcio Flávio Vilar Lírio, um tipo raro de criminoso que rejeitava ligações promíscuas com os homens da lei. Se tivesse sobrevivido, ele ficaria certamente perplexo com a homenagem prestada a José Sarney pelo Sindicato dos Delegados da Polícia Federal (Sindepol). Investigador […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 12h22 - Publicado em 3 abr 2011, 16h40

“Polícia é polícia, bandido é bandido”, ensinou ao Brasil dos anos 70 o delinquente Lúcio Flávio Vilar Lírio, um tipo raro de criminoso que rejeitava ligações promíscuas com os homens da lei. Se tivesse sobrevivido, ele ficaria certamente perplexo com a homenagem prestada a José Sarney pelo Sindicato dos Delegados da Polícia Federal (Sindepol). Investigador é investigador, investigado é investigado, diria Lúcio Flávio ao delegado Joel Zarpellon Mazo, presidente do Sindepol.

Invocando os “bons serviços” prestados à instituição pelo presidente do Senado, Mazo entregou-lhe a medalha Deferência Polícia Federal. “Alguém só é considerado culpado depois do trânsito em julgado”, alegou. “A medalha é concedida aos que fizeram e fazem pela Polícia Federal e seus policiais”. O doutor está convidado a revelar que tipo de bom serviço Sarney andou prestando. A julgar pelo noticiário político-policial, o que mais tem feito o clã liderado por José Sarney é dar trabalho aos agentes da PF.

“Tudo isso foi levado em conta pelo conselho ao escolher o seu nome”, retrucou o delegado sindicalista. “Quem responde diante do Poder Judiciário brasileiro não é o presidente Sarney, mas o seu filho, e isso não se relaciona diretamente à pessoa dele”. Como se o primogênito pudesse fazer com qualquer sobrenome as coisas que faz impunemente. Como se o filho agisse agisse escondido do pai.

Os policiais que honram a instituição não podem perder a chance de mostrar que o Sindepol acabou de encenar mais um ato do interminável espetáculo da pouca vergonha. Basta confrontar o presidente da entidade com as conversas telefônicas gravadas pelos colegas escalados para a Operação Boi Barrica. Mazo ficará sabendo, por exemplo, que nos diálogos em código travados por integrantes da quadrilha José Sarney é o “Madre Superiora”, Fernando Sarney é o “Bomba” (ou “Bombinha”, ou “Madre”) e Edison Lobão é o “Magro Velho”.

Continua após a publicidade

Saberá, sobretudo, o que a turma andou fazendo. E talvez entenda que, se tivesse aprendido com Lúcio Flávio, não teria piorado o país com a criação de outra brasileirice ultrajante: o investigado condecorado.

Erenice Guerra, Ana Maria Amorim, Mariza Campos e Marisa Letícia

A gestação do tributo a Sarney pode ter começado em 20 de abril de 2010, quando Erenice Guerra foi condecorada com a Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco. Agraciada em 2005 com a medalha de Grande Oficial, a melhor amiga de Dilma Rousseff esperou cinco anos para emocionar-se com a mais alta honraria conferida pelo Itamaraty, um privilégio reservado aos que “por qualquer motivo se tenham tornado merecedores do reconhecimento do Governo Brasileiro, servindo para estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção, bem como para distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas”.

Em setembro passado, soterrada por provas e evidências de que reduzira a Casa Civil a um esconderijo da quadrilha formada por parentes e agregadas, a companheira meliante perdeu o status de ministra, perdeu a pose e perdeu a companhia permanente da Dilma. Mas manteve a medalha. Desde quarta-feira, tem um argumento a mais para recusar-se a devolvê-la. Pode exigir que Sarney devolva a dele primeiro.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.