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A cidade que foi sinônimo de poluição virou símbolo da recuperação ambiental

Domitila Becker Rosa Emília Paes – ou simplesmente dona Rosa, como é conhecida no Jardim Costa e Silva, fincado no centro de Cubatão – tem 82 anos e não gosta de ouvir alguém falando mal da cidade onde mora há 58. O município a quase 60 quilômetros de São Paulo, que ficou conhecido mundialmente como “Vale […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 14h45 - Publicado em 22 jul 2010, 23h47

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Domitila Becker

Rosa Emília Paes – ou simplesmente dona Rosa, como é conhecida no Jardim Costa e Silva, fincado no centro de Cubatão – tem 82 anos e não gosta de ouvir alguém falando mal da cidade onde mora há 58. O município a quase 60 quilômetros de São Paulo, que ficou conhecido mundialmente como “Vale da Morte” na década de 60, deu uma notável volta por cima: em 1992, ganhou da ONU o prêmio concedido à cidade símbolo da recuperação ambiental. Entretanto, ainda não conseguiu desvencilhar-se do estigma da poluição.

“Muita gente que vem trabalhar diz que o lugar não presta, que só é bom para ganhar dinheiro e depois gastar lá fora”, indigna-se dona Rosa. “Se é aqui que ganham o pão de cada dia, não podem falar isso”. Situada entre o Porto de Santos e a capital paulista, Cubatão foi fundada em 1833. A abundância de água e o abrigo natural desenhado pela  Serra do Mar fizeram com que o município fosse escolhido, mais de um século depois, para sediar um gigantesco pólo industrial.

Dona Rosa, que nasceu na Bahia, desembarcou na cidade nos anos 50 junto com as siderúrgicas, as petroquímicas e os complexos de fertilizantes e de asfalto. Na época, pouco se falava em ecologia. E as fábricas, despreocupadas, começaram a poluir o ar, o solo e os rios. Os poluentes causaram a devastação de 60 % da mata atlântica e diversos problemas de saúde na população.

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Além de disfunções respiratórias, especialistas atribuíam à poluição o aumento dos casos de malformação de recém nascidos. “Chegou um momento em que a degradação ambiental era tão grave que não tivemos outra saída a não ser tomar uma atitude radical”, lembra o atual secretário do Meio Ambiente, Roberto Baldini, então superintendente de produção da Companhia Santista de Papel.

Em 1983, as indústrias, a comunidade e o governo ─ representado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) – uniram-se para a montagem de  um plano para erradicar a poluição, com a aplicação de multas a empresas que descumprissem o acordo. Hoje, a qualidade do ar, monitorada diariamente pela CETESB, oscila entre regular e boa – as taxas piores decorrem da emissão de gases pelos carros e caminhões. As fontes poluentes industriais na maior concentração de fábricas da América Latina foram reduzidas em 98%.

Sentada na varanda da casa onde mora há 45 anos, dona Rosa revisita o passado sem prazer. “Era horroroso. O rosto da gente ardia o tempo todo”, conta, antes de reafirmar o quanto gosta de morar na cidade, ao lado da filha caçula. A mais velha mudou-se para Santos, em busca de uma formação escolar melhor para o filho. Com 120 mil habitantes, Cubatão não tem nenhuma universidade.

Também não tem cinema ou shopping. O teatro está fechado para reforma há mais de vinte anos. À procura de melhores opções de lazer, parte dos funcionários das 23 indústrias de base que existem em Cubatão preferiu seguir o exemplo da filha de dona Ana, levando em sua esteira uma fatia considerável da riqueza produzida no pólo industrial.

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O município que assustava pelos altos índices de poluição agora impressiona pelos baixos indicadores sociais. Enquanto a arrecadação de tributos anual é de quase R$ 150 milhões, metade da população mora em favelas. Apenas 30% do esgoto é tratado e o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é o mais baixo entre as nove cidades que compõem a Baixada Santista. “Cuidamos muito bem do meio ambiente. Agora precisamos cuidar dos nossos problemas sociais”, reconhece Benito Gonzalez, secretário de Indústria e Comércio.

Para contornar o problema, Cubatão invoca o próprio exemplo. Em 2005, as indústrias, a comunidade e o governo se juntaram para criar uma “Agenda 21”. Desta vez, foram estipulados metas e prazos para acabar com os problemas de saúde, habitação, educação e segurança pública.

Entre as medidas adotadas, a prefeitura criou, em janeiro deste ano, o Cartão Servidor Cidadão, que obriga os funcionários a gastarem em Cubatão parte de seus salários – cerca de R$ 500,00 por mês. Tal exigência deve injetar, mensalmente, mais de R$ 2,8 milhões no comércio local. É o primeiro passo para que a riqueza do pólo industrial fique onde nasce. Cubatão decidiu que se tornará até 2020 “a cidade que queremos”, como promete o cartaz de divulgação da Agenda 21. O percurso é longo, mas a cidade já conhece o caminho.

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