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‘Jogo em aberto’, de Ricardo Noblat

PUBLICADO NO BLOG D NOBLAT NESTA SEGUNDA-FEIRA É razoável supor que Dilma enfrenta sérias dificuldades para entender o que se passa no país. Se Lula, que é um político esperto, anda pendurado no telefone a pedir, humilde, a ajuda de amigos para tentar decodificar a voz das ruas, quanto mais Dilma, que nem política é, muito menos […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h56 - Publicado em 24 jun 2013, 16h52

PUBLICADO NO BLOG D NOBLAT NESTA SEGUNDA-FEIRA

É razoável supor que Dilma enfrenta sérias dificuldades para entender o que se passa no país. Se Lula, que é um político esperto, anda pendurado no telefone a pedir, humilde, a ajuda de amigos para tentar decodificar a voz das ruas, quanto mais Dilma, que nem política é, muito menos esperta. E carece de amigos que sejam. Ou de colaboradores informais que gostem dela a ponto de aconselhá-la de graça.

Para governar bem, um presidente da República tem de se destacar como líder. Não precisa ser um excepcional gestor. Mas líder está obrigado a ser. Como governar sem exercer influência sobre o comportamento, o pensamento e a opinião dos outros — auxiliares e governados? Com seu entusiasmo, o líder contagia os que o cercam. Agindo assim, obtém a adesão deles aos seus planos.

Dilma infunde medo. O medo inibe. Para além de carismático, o líder é um grande comunicador. Dilma não é nem uma coisa nem outra. O líder é persuasivo. Dilma é um chefe mal-humorado e impositivo. O líder é um hábil negociador. Dilma não negocia — manda. E ai de quem desobedecê-la. O líder é exigente. Dilma é exigente. O líder é criativo e quebra paradigmas, se necessário. Dilma é convencional. Não foram poucos os correligionários de Lula que o desaconselharam a indicar Dilma para sucedê-lo.

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Mas ele resistiu a todos os apelos. Dizia que Dilma era a melhor gestora que conhecera. A preferência de Lula por Dilma se escorava em dois principais motivos: ela seria leal a ele. E não seria obstáculo ao seu eventual retorno à Presidência da República. Lula não pensou primeiro no país quando elegeu Dilma sua candidata — pensou nele próprio. E, do seu ponto de vista, acertou. No que importa, ele continua governando.

Quando se atrapalha ou se vê em apuros, Dilma corre ao seu encontro. A viagem de um presidente custa caro pelo aparato que movimenta. Quanto custa uma viagem de Dilma entre Brasília e São Paulo para se aconselhar com Lula? Não pergunte. Ela decidiu que os custos de suas viagens permanecerão em segredo por anos a fio. É o governo da transparência, como destacou em sua fala à Nação na última sexta-feira.

Os governantes modernos não dão um passo importante sem consultar a opinião popular por meio de pesquisas. É assim com Dilma, como foi antes com Lula e Fernando Henrique Cardoso. Espanta que, munido de tantas pesquisas, o staff dela tenha sido incapaz de prever que um gigantesco tsunami estava a caminho. A verdade é que só acreditamos naquilo que não nos desagrada. Como só lemos o que reforça as nossas convicções. Com os governantes não é diferente.

De tanto repetir que o mensalão não existiu e de que nenhum governo combateu mais a corrupção do que o dele, Lula acabou acreditando em tais fantasias. Bem como os que renunciaram a pensar com independência para seguir o líder disposto a pensar por eles. A corrupção não impediu Lula de se reeleger, nem Dilma de sucedê-lo. Ora, por que haveria de produzir sérios estragos no futuro? O povo não parecia ligar.

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Nos últimos 12 meses, Lula cabalou votos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para absolver mensaleiros. Não se revelou constrangido ao apertar apertar a mão de Paulo Maluf para selar o apoio dele ao candidato do PT a prefeito de São Paulo. Renan Calheiros, que já renunciou à presidência do Senado para não ser cassado, foi eleito presidente do Senado em fevereiro último. Milhares de pessoas pediram a sua renúncia. Em vão.

A um confidente, Dilma disse que não se meteria na eleição de Renan porque não poderia se meter com assuntos pertinentes ao PMDB e ao Congresso. Como se ela de fato não se metesse. Como se nunca tivesse se metido. A ex-faxineira ética, que nos seu primeiro ano de governo demitiu seis ministros por suspeitas de malfeitos, não apenas se recompôs com eles como devolveu ministérios e outros cargos que havia tomado dos seus partidos. Para se eleger a gente faz o diabo a quatro, desculpou-se Dilma. E nessas ocasiões o bicho costuma pegar. Está para ser aprovada no Congresso uma proposta que enfraquece o poder de investigação do Ministério Público. O governo não mexeu um dedinho para impedir.

O vice de Alckmin, governador do PSDB, virou ministro de Dilma sem deixar de ser vice. Por fim, o STF ganhou ministros escolhidos com base na esperança de que livrem mensaleiros da cadeia. Ainda bem que são homens honrados. Votarão de acordo com sua consciência. Resultado da influência do demônio: esgotou-se a paciência dos que acabaram saindo às ruas para protestar. A repulsa à corrupção está por trás de sua atitude, segundo pesquisa do Instituto Datafolha. Dilma foi forçada a admitir que seu governo ouve com atenção as vozes que cobram mudanças.

Mas mudanças para quê se o governo vai tão bem? Quer dizer: passou recibo de que ou muda ou ficará de fora da próxima eleição. Dilma de fora significava Lula dentro outra vez. Significava… Agora, não mais necessariamente.

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