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A empatia ou a caneta?

Qual governante a turma vai culpar quando a Covid-19 passar?

Por Alon Feuerwerker Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 mar 2021, 22h16 - Publicado em 15 Maio 2020, 06h00

Resiliência é a propriedade de um corpo de voltar à forma original após submetido a uma deformação elástica. Jair Bolsonaro tem isso em bom grau. E, se as últimas pesquisas mostram uma parte do “regular” migrando para “ruim/péssimo”, o “ótimo/bom” resiste. E continua pelos 30% do total do eleitorado. Mais ou menos o que o presidente teve no primeiro turno em 2018.

Bolsonaro mostrou resiliência no segundo semestre do ano passado. Pouco a pouco seus índices voltaram ao “um terço, um terço, um terço”, depois de o presidente sofrer um desgaste pontual por causa da repercussão dos incêndios na Amazônia. Mas o noticiário sobre o tema murchou, e os desgarrados acabaram retornando. Como será agora?

Diferentemente de então, as crises sanitária e econômica do momento não levam jeito de querer murchar num prazo curto. Nem médio. O Sars-CoV-2 está aí para ficar, pelo menos até surgir uma vacina e/ou a maioria da população imunizar-se contra o vírus. Isso se acharem mesmo uma vacina e/ou o vírus provocar imunização duradoura. Ninguém tem ainda certeza de nada.

Na economia, tampouco se vislumbra solução rápida. O retorno a níveis próximos aos da pré-pandemia depende muito da retomada da confiança — que será também em função de como as autoridades lidam com a Covid-19. Se esta não dá sinais de desfecho rápido, é ingenuidade imaginar empresas voltando a investir e o consumidor correndo para comprar só porque o governo mandou.

Governadores culpam o presidente por mortes, e este joga para eles a conta da depressão econômica

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Então o país e o próprio poder público precisam preparar-se para uma longa travessia. E, se as autoridades não estão assim tão empenhadas em dar a real ao povão sobre o futuro, esmeram-se em táticas que procuram transferir a fatura aos adversários. Os governadores tentando colocar a conta das mortes em Bolsonaro e este jogando para eles a conta da depressão econômica.

Por enquanto a popularidade dos governadores está anabolizada e a do presidente sofre. Mas como vai ser quando a Covid-19 virar parte da paisagem e as preocupações com a economia ganharem o palco? Bolsonaro joga com o conceito imortalizado por Cláudio Coutinho, de “ponto futuro”. Acredita que uma hora as pessoas vão lhe dar razão por não querer a paradeira.

As idas e vindas dos países na saída da crise sanitária mostram o problema econômico com mais fôlego que o sanitário. Também porque o tal achatamento da curva de contágio protege o sistema hospitalar do colapso, mas prolonga a paralisia econômica e portanto aumenta a destruição de forças produtivas. Um monte de gente vai ficar na chuva.

Quem a turma vai culpar? Isso dependerá da contabilidade de mortos, desempregados, falidos. De como estará o espírito de quem perdeu entes queridos, perdeu o emprego ou viu a construção empresarial de uma vida ir embora. E dependerá principalmente da percepção popular sobre quanto cada líder político se preocupou em oferecer alguma solução para as perdas.

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Nessa corrida, Jair Bolsonaro está em desvantagem pela evidente falta de empatia. Mas tem a vantagem da caneta, de poder fazer dívida e distribuir benefícios com mais liberdade que os governadores.

No fim, o que vai prevalecer?

Publicado em VEJA de 20 de maio de 2020, edição nº 2687

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