Impeachment no horizonte?
Os celulares do miliciano Adriano da Nóbrega podem levar a uma nova crise de muita gravidade
Cumpre ser conservador quando se trata de impeachment. Motivo: o presidencialismo tem mandato fixo, não faz parte da sua lógica remover o presidente antes da data constitucional prevista para terminar seu governo. Quando se recorre ao impeachment o voto popular está sendo efetivamente desvalorizado. Está se dizendo que a escolha direta dos eleitores não vale. Imagine-se isso agora, em dois mandatos seguidos.
Porém, o fato de não ser desejável não resulta em ser possível de evitá-lo. Bolsonaro decidiu brigar com todo mundo. Collor e Dilma fizeram o mesmo. Em 2012 conversei com um deputado federal do Centrão que disse: “voto sempre com a Dilma, sempre a favor de sus proposições. Porém, ela nos trata mal. Assim, o dia que tiver a oportunidade, irei dar o troco. Não somente eu, mas muitos deputados”. Dito e feito.
Popularidade baixa não é suficiente para o impeachment. Collor e Dilma caíram quando chegaram a 10% de ótimo e bom. Fernando Henrique e Temer não caíram apesar de terem chegado a 10% de ótimo e bom. É preciso mais dois fatores, manifestações a favor do impeachment, e conflitos irremediáveis com os deputados.
Os celulares do miliciano Adriano da Nóbrega podem trazer informações que venham a piorar a situação de Bolsonaro e eventualmente despertar manifestações de rua. Ainda estamos no terreno do improvável, mas não do impossível.