Bolsonaro não é liberal, e isso é ruim
Será um governo de direita sem uma agenda de reformas de direita, algo paradoxal
É normal a alternância de poder entre esquerda e direita. Na economia a esquerda aumenta a intervenção do estado para redistribuir renda, ao passo que a direita diminui a intervenção para gerar eficiência. Muitas coisas que a direita faz a esquerda não desfaz, e vice-versa. Fernando Henrique privatizou a telefonia, o PT governo por 13 anos e não a reestatizou. Ou seja, admitiu tacitamente que a medida que gerou eficiência econômica foi correta. O Bolsa-Família foi ampliado enormemente nos governos do PT, Bolsonaro não o extinguirá e pensa até em ampliá-lo. De novo, é o reconhecimento tácito dos méritos da redistribuição de renda. Esquerda e direita mantém alternadamente políticas implementadas por um lado e pelo outro lado. O mundo é formado assim.
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Se Bolsonaro fosse um verdadeiro liberal estaria fazendo diferente. Preservaria o Bolsa-Família, pois notaria que reduzi-lo seria prejudicial a sua sobrevivência eleitoral e política, mas tomaria nos primeiros dois anos de governo inúmeras medidas de geração de eficiência econômica como a reforma tributária e a reforma administrativa, a fim de possibilitar que a economia crescesse de maneira sustentável na reta final de seu governo, gerando emprego e renda e com isso aumentando suas chances de ser reeleito. Porém, Bolsonaro não fará nada disso. Ou seja, um governo de direita que deveria fazer políticas públicas de direita abdicará disto. Resultado: o ônus ficará para um eventual governo de esquerda que terá muita dificuldade de adotar medidas tipicamente de direita.