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Três onças pintadas morrem queimadas no Pantanal

Fogo atinge o refúgio de vida selvagem Caiamam, onde os animais foram encontrados carbonizados

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 ago 2024, 23h00 - Publicado em 8 ago 2024, 07h30

O fogo continua consumindo o Pantanal, mas agora avança sobre áreas que ainda estavam intactas. É o caso de Caiamam, um refúgio ecológico de 53 mil hectares, em Mato Grosso do Sul, conhecido pela paisagem deslumbrante e com uma das maiores concentrações de vida selvagem da América do Sul. Ali, foi encontrada uma onça-pintada morta, vítima dos incêndios. A 75 quilômetros de distância, em Aquidauana, os corpos de mais dois filhotes carbonizados emocionaram os brigadistas. A foto do casal viralizou nas redes sociais nos últimos dois dias. Na imagem, os filhotes estão em uma árvore, mas eles foram, na verdade, encontrados no chão. Depois de um junho com o maior número de focos de incêndios de toda a história da região, veio uma pequena trégua em julho, e então o fogo reacendeu com toda força, atingindo até os animais mais fortes e resilientes.

Quando as tragédias se prolongam por muito tempo, as atenções sobre a gravidade da situação se diluem aos poucos, como se o drama fizesse parte da normalidade. A morte de animais do topo da cadeia alimentar, como a onça-pintada, que tem toda a capacidade, força e agilidade para reagir a grandes ameaças, dá um novo alerta para a sociedade em geral. Os esforços empregados até aqui não foram suficientes. “Pelo menos vinte fazendas queimaram em Caiamam e no entorno”, diz o coronel Ângelo Rabelo, fundador do Instituto Homem Pantaneiro.

Incêndios tem efeitos deletérios para as espécies

No incêndio de 2020, o maior registrado no bioma, as onças-pintadas foram as únicas de oito espécies investigadas, cuja a população não sofreu baixas, de acordo com o estudo intitulado “Respostas de mamíferos neotropicais a megaincêndios no Pantanal brasileiro”, publicado este ano. O levantamento analisou o impacto sobre as jaguatiricas, pumas, queixadas, tatu-canastra, cutia, veado-mateiro e antas. Já os tatus destacaram-se pela fragilidade. Se os pesquisadores já apontavam que a crescente frequência e gravidade dos incêndios, causados pelo homem, têm efeitos deletérios para a conservação das espécies a curto prazo, o que dizer agora quando a rainha do pedaço vira vítima? “A situação do Pantanal é crítica”, diz Rabelo, que parte hoje do Amolar para Caiamam, para ajudar no combate aos incêndios. As autoridades precisam fazer mais e diferente para colocar um ponto final nesse drama, que se arrasta e vai deixar cicatrizes importantes no bioma infelizmente.

 

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