Para pesquisadores, ação humana foi responsável pelos incêndios em SP
Com média mais baixa de temperatura e maior umidade que em julho, em agosto a situação não era propícia para o aumento das queimadas no estado
Nesta segunda-feira, 26, a ministra do Meio Ambiente Marina Silva foi enfática ao afirmar que a situação das queimadas no estado paulista foi atípica. De fato, três dias antes, 50 municípios tiveram incêndios iniciados ao mesmo tempo. Ela chegou a comparar a situação com o “Dia do Fogo”, no Pará, em agosto de 2019, quando grileiros, garimpeiros e fazendeiros contrataram motoqueiros para colocarem fogo na Amazônia. Quatro pessoas foram presas por suspeita de realizar incêndios criminoso no interior de São Paulo de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado. Em entrevista coletiva, o governador Tarcísio de Freitas revelou que um dos detidos “se identificou como integrante da organização criminosa PCC”. O indivíduo foi flagrado ateando fogo na mata em Batatais e ainda chegou a gravar um vídeo comemorando o fato. Apesar de a situação estar controlada, 48 municípios permanecem em estado de alerta.
São Paulo teve mais incêndios em agosto do que nos dois últimos anos somados. Apesar da seca que foi antecipada no estado, que começou em abril, as condições climáticas deste mês não foram propícias para o alastramento do fogo na intensidade que ocorreu. “A média da temperatura foi mais baixa e a umidade mais alta do que em julho”, diz Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório de Análises e Processamento de Imagens de Satélites. No sábado, a região teve um ciclone extratropical, que de fato ajudou a espalhar a fumaça, fazendo que o céu escurecesse em várias regiões do estado, inclusive a capital, por volta das 16 horas. O evento também deu impulso para a entrada da frente polar. No início do mês, a mesma dupla, ciclone extratropical e frente fria, entrou no estado paulista e baixou as temperaturas.
A Polícia Federal já abriu 31 inquéritos para investigar incêndios criminosos, dois deles em São Paulo. Neste ano, os focos de incêndios passaram a barreira dos 100 mil, ultrapassando em 43% as queimadas de 2023. Amazônia é a região com maior concentração de fogo. São Paulo está em sétimo lugar, porém contabilizou 2.800 focos em apenas um mês. Para o pesquisador da USP, Carlos Nobre: “Um mistério, que a ciência não explica.”