Um hospital flutuante na Amazônia
O barco-hospital atende cerca de 2.000 pessoas por ano, levando saúde à população esquecida pelo poder público
É à base da pesca, caça, cultivo de mandioca e madeira extraída ilegalmente que vive a população ribeirinha da Amazônia. Em média, uma família ganha 300 reais por mês. A eletricidade é um luxo, e o saneamento básico quase inexistente: no Norte do Brasil apenas 10,2% da população conta com rede de esgoto.
A carência da população, que vive nas margens dos afluentes do rio Amazonas em casas de madeiras suspensas do chão, foi atendida com o projeto Doutores das Águas: um barco-hospital que fornece atendimento médico e odontológico aos ribeirinhos. Durante vinte dias de viagem, o projeto percorre 1.000 quilômetros pelos rios Amazonas, Negro, Madeira e afluentes, atendendo cerca de 2.000 pessoas por ano.
Para grande parte dos ribeirinhos, a visita dos Doutores das Águas é o único momento em que eles encontram um médico ou dentista. A assistência à saúde na região é centralizada na zona urbana dos municípios. Em casos de necessidade, a viagem ao posto médico pode levar até três dias — e nem sempre o doente consegue atendimento.
A expedição é totalmente voluntária. Todos os profissionais, de instituições renomadas, pagam a própria passagem para Manaus. “Percebemos que podemos mudar a vida das pessoas com ações muito simples. Não podemos parar”, diz Rubens Almeida Prado, consultor de pescaria esportiva e coordenador-geral do projeto.