O engenheiro de softwares uruguaio Nicolás Jodal fundou a plataforma GeneXus, que permite desenvolver softwares e aplicativos automaticamente, para possibilitar que empreendedores criem no universo virtual mesmo sem conhecer linguagens de códigos de programação. Na entrevista ao site de VEJA, Jodal defende que seu produto abre portas para que empresas prosperem mais, sem precisar contratar mão de obra extra expecializada em códigos de computadores.
Como o GeneXus ajuda empresas a crescer? Gosto de fazer uma analogia com vitaminas. Da mesma forma como pessoas precisam delas para ficar saudáveis e fortes, empresas necessitam também dessas doses. No caso, brinco que são as vitaminas P, A, E e I: produzir, administrar, empreender e integrar. Nosso papel nesse quadro é facilitar a programação de aplicativos. O objetivo é fazer com que esse processo seja cada vez mais rápido e eficiente. Tornar esse conhecimento mais acessível facilita o caminho das empresas, que então não precisam de um número elevado de pessoas programando em seus escritórios. Assim, podem investir em funcionários focados no produto final e em agradar clientes.
O senhor é um conhecido fã de wearables, os dispositivos computadorizados que podem ser vestidos, como óculos e relógios. Qual é a sua perspectiva para este mercado? Eles abriram espaço para uma nova geração de aplicativos e softwares. Sensores, para mim, são a próxima onda. E eles estão no centro da indústria de wearables. Aliás, não apenas em aparelhos para os indivíduos, mas também para casas, carros, escritórios. Esses gadgets vão acumular novas formas e quantidades de dados. E aí surgirá um novo problema: o que vamos fazer com tanta informação? Como vamos transformá-la em algo interessante?
O GeneXus contribui para achar respostas? Sim. A nossa preocupação é assegurar aos pequenos empreendedores que eles vão ter um futuro, independentemente das mudanças tecnológicas, difíceis de serem acompanhadas. Um plantador de soja, por exemplo, em um estabelecimento rural, conseguirá, com nosso programa, criar um software e usá-lo para coletar informações apuradas do clima, da umidade, do melhor momento para usar pesticidas.
Há exemplos práticos de como sua plataforma é usada? A Prefeitura de Blumenau lançou o AlertaBlu, que fornece informações e serviços para a população em caso de chuvas fortes, enchentes e deslizamentos. No interior de São Paulo, seis cidades já aderiram ao Cidadão Online, aplicativo feito com o GeneXus que permite que moradores informem onde há ruas com buracos, semáforos quebrados, vazamentos, entulhos, focos de dengue, entre outros problemas urbanos. Com nosso programa, os desenvolvedores criaram sozinhos essas ferramentas, de maneira rápida e simples, sem precisar contratar mais mão de obra.
Nos últimos anos, o Uruguai conquistou a imagem de país moderno e disposto a inovar. Essas características se confirmam? Somos um país pequeno, com 3 milhões de habitantes. No passado isso era ruim, porque o mercado era pequeno para que a economia girasse. Agora, no mundo digital, ser pequeno é vantagem. Fomos o primeiro país a determinar que toda criança de 5 anos deve ganhar um computador do estado. No Brasil isso seria muito mais difícil e complexo. No Uruguai muitos projetos têm sido implantados como teste, para depois serem replicados em outros países. Na minha visão, por ser pequeno, o Uruguai é um grande e útil laboratório de inovações.