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“Nosso app não trabalha apenas com traduções. Mas com relações entre pessoas”

É o que diz Ronaldo Tenório, criador do Hand Talk, eleito como um dos melhores aplicativos sociais do mundo, e que permite o diálogo entre surdos e ouvintes.

Por Gabriela Neri
3 jun 2015, 17h49
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  • Os alagoanos Ronaldo Tenório, Carlos Wanderlan e Thadeu Luz criaram em 2012 o Hand Talk, aplicativo de smartphone e tablet que faz a tradução digital e automática para libras, a linguagem de sinais. Ele é dedicado, obviamente, a auxiliar a comunicação entre surdos e ouvintes.

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    Um ano após o lançamento, o programa foi selecionado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como melhor app social do mundo, no prêmio WSA-mobile. E, em 2014, a empresa foi eleita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como uma das dezesseis startups mais inovadoras da América Latina.

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    Como ainda foca apenas na tradução para o português, a ferramenta visa atingir um público bem específico: os 9,7 milhões de surdos brasileiros (sendo que 70% declaram ter dificuldade em compreender o idioma comum). Por esse viés social, no ano passado o Ministério da Educação incluiu o aplicativo em todos os tablets distribuídos na rede pública de ensino.

    Além do app gratuito, a startup ainda realiza serviços pagos: tornam sites mais amigáveis aos surdos (traduzem para libras o conteúdo já publicado na página) e conduzem outros projetos na área, como totens em shoppings ou em eventos, adaptados para passar informações aos deficientes auditivos.

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    Em entrevista ao site de VEJA, Ronaldo Tenório, de 29 anos, conta mais sobre o Hand Talk.

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    Como surgiu a ideia? Foi em 2008, durante um trabalho de faculdade. Eu cursava publicidade e o objetivo era criar um projeto que ajudasse na comunicação entre pessoas. Escolhi uma proposta para ajudar deficientes auditivos porque percebi que existia um grande empecilho para surdos e ouvintes se relacionarem e, apesar de morarem no mesmo país, eles evidentemente se comunicam de formas completamente diferentes. Procurei surdos e conversei com eles sobre isso, mas achavam impossível criar uma plataforma que resolvesse a questão em definitivo, estabelecendo contato entre qualquer pessoa com qualquer surdo. Naquela época, ninguém falava de aplicativos. Essa ideia ficou guardada em minha cabeça e, em 2012, eu, e meus sócios Carlos e Tadeu, a transformamos em realidade.

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    Tiveram o apoio de surdos durante o desenvolvimento? Sim, e muito. Fizemos pesquisas e entramos em contato com deficientes para mostrar o projeto. Até hoje realizamos encontros constantes, na nossa sede, para avaliarem o Hand Talk. Dentro do aplicativo temos uma área de sugestões. O contato é essencial, pois precisamos entender essa realidade, inicialmente distante da nossa. Hoje, há ainda surdos, professores e intérpretes de libras trabalhando conosco. Além disso, eu e os outros fundadores aprendemos a língua quando começamos a desenvolver o aplicativo, e hoje a usamos dentro da empresa, para treinar.

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    De que maneira acontece a tradução? Existem três opções. Na ferramenta de texto, basta digitar ou colar as palavras no campo determinado para ver a tradução. Também é possível realizar o mesmo por áudio, clicando no ícone do microfone e aguardando para ver a tradução do intérprete virtual. Outra opção é fotografar ou escolher alguma foto com texto legível, recortar esse trecho e ver o significado.

    Há projetos de outras línguas para o Hand Talk? Atualmente, só fazemos a tradução do português para libras, mas temos a ideia de incluir outros idiomas, tanto de língua de sinais, quanto os falados. Afinal, são cerca de 300 milhões de deficientes auditivos no planeta. É um problema global, não local.

    Por que há tão poucos tradutores digitais para deficientes auditivos? É um problema desconhecido e, por isso, pouco abordado. Quase todas as pessoas com quem eu converso acham que os surdos leem normalmente. Não é verdade. A libras tem uma estrutura muito diferente do português.

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    Facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes é um bom negócio ou uma boa ação social? Uma vez, recebi uma mensagem de um pai falando que, depois de usar o Hand Talk, conseguiu se aproximar do filho, porque antes eles tinham dificuldade de comunicar. Não trabalhamos simplesmente com traduções. Mas ajudando nas relações interpessoais. É isso o que nos move.

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