Na crise, encontre alguém para criar com você: aplicativo GoodPeople conecta pessoas para tirar ideias do papel
Pela linha da economia colaborativa, aplicativo reúne pessoas dispostas a oferecer habilidades em troca de boas ideias
Lançado no fim do ano passado, o aplicativo GoodPeople nasceu para conectar pessoas que tenham interesses em comum e, preferencialmente, habilidades diferentes. Funciona da seguinte maneira: se alguém tem uma ideia, mas precisa da expertise de outro para tirar o projeto do papel, o idealizador procura por candidatos cadastrados no aplicativo e faz uma proposta de parceria. A partir daí, os usuários podem conversar pelo chat do aplicativo para desenvolver o planejamento do trabalho. Desde o início da operação, o GoodPeople registra crescimento de usuários em 12% por semana e teve adesão de 3.000 pessoas em pelo menos 260 cidades brasileiras, além de oito países. Até o momento, um terço destes voltam com frequência para o aplicativo. Vale lembrar que não se trata de trabalho voluntário – o projeto pode começar sem o objetivo de lucro e eventualmente se tornar fonte de renda.
A concepção do GoodPeople seguiu sua própria lógica: a empresária paulistana Ana Julia Ghirello, ex-vice-presidente do Bomnegócio.com e ex-COO (diretora de operações) da OLX, e o administrador Maxim Kejzelman, ex-gerente de produtos do Bomnegócio.com e da OLX, trabalhavam juntos quando perceberam que estava na hora de colocar um projeto pessoal no mundo. Eles uniram habilidades, se tornaram sócios, e agora trabalham para fazer com que mais pessoas consigam realizar o mesmo feito. Antes de lançar o produto, a dupla trabalhava em espaços colaborativos e disso surgiu a ideia de criar a abeLLha, coworking e aceleradora de start-ups no Rio de Janeiro, criada pela Ana Julia para, além de ter um lugar para eles e outros empreendedores trabalharem, receber mentorias e desenvolver o empreendedorismo nas camadas sociais mais baixas da pirâmide.
Dentro da abeLLha surgiram projetos como: um sistema que gera transparência nas transações de cartão de crédito para lojistas, um aplicativo para jovens experimentarem várias áreas de atuação antes de decidirem qual profissão seguir e uma plataforma para prestadores de serviços, como pintor, pedreiro e eletricista, para que eles possam divulgar seus contatos e também receberem avaliações online.
Em entrevista ao site de VEJA, Ana Julia falou sobre como os dois projetos podem ajudar pessoas a se tornarem empreendedores.
De onde veio a ideia para criar o GoodPeople? O momento “eureka” foi quando o Maxim, meu sócio, quis produzir um videoclipe. Ele estava sem dinheiro, então esbarrou na dificuldade de chamar outras pessoas. Com isso, pensamos: a única coisa que você precisa para concretizar ideias é encontrar talentos complementares. Na época, ele não sabia como gravar um vídeo, mas tinha pessoas ao redor que sabiam. E assim surgiu o GoodPeople. Tenho um projeto, mas preciso da habilidade de outra pessoa e com mais talentos podemos lançar algo.
Como a abeLLha e o GoodPeople funcionam em conjunto? O objetivo da abeLLha é difundir o empreendedorismo colaborativo e social. O GoodPeople, que já é um exemplo prático disso, nasceu dentro dela e ainda potencializa empreender, da mesma maneira como a própria abeLLha faz isso na linha de coworking para inclusão social. Trata-se do capitalismo consciente: primeiro vem o propósito e como impactamos a vida das pessoas, e depois o lucro, que vem para que seja reinvestido nos projetos desenvolvidos dentro da casa e para que possamos expandir a abeLLha. Ela não tem fins lucrativos, o lucro será para investirmos nos projetos desenvolvidos dentro dela.
Como a abeLLha ajudará na inclusão social? Além do fato de ser uma incubadora na base de mentorias, selecionamos os projetos de acordo com o impacto que ele pode gerar, pela capacidade de fortalecer minorias e por gerar maior transparência. Avaliamos qual é o real valor que ele terá no mundo, qual problema ele resolverá e se poderá ser aplicado em larga escala. Dedicamos do nosso tempo porque acreditamos que será bom para o mundo e para aquelas pessoas. E por isso a abeLLha tem os pacotes de cursos, uso do espaço e mentorias para sustentar o negócio, já que não ganhamos nada com os projetos incubados.