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Criador do “spam de música” fatura US$ 30.000 com canções sobre batata e mortadela

A receita de Matt Farley é criar músicas com nomes e letras inusitadas e vendê-las em serviços como o iTunes

Por Guilherme Pavarin
15 fev 2015, 12h53

O cantor, compositor e instrumentista americano Frank Zappa (1940-1993) ficou conhecido, entre outras qualidades, por ser prolífico. Em 30 anos de carreira, gravou cerca de oitenta álbuns e 2.000 músicas. Poucos artistas chegaram perto da marca.

Matt Farley, um instrumentista amador do estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, não tem pretensão de ser tão criativo ou famoso quanto Zappa, mas já o supera em quantidade. Ele possui 16.800 canções registradas em seu nome. Aos 35 anos, é o compositor mais produtivo de que se tem notícia.

Do porão de sua casa, usando apenas um teclado e uma guitarra, Farley chega a gravar 50 músicas por semana. A motivação é simples: dinheiro – em 2014, ele faturou 27.000 dólares (equivalente a cerca de 70.000 reais) com as criações.

A carreira alternativa começou em 2007. Ele descobriu que canções com títulos exóticos fazem um bom dinheiro em sites de venda de músicas, como iTunes. Diariamente, milhões de usuários desses serviços buscam pelos sucessos de Taylor Swift e Justin Bieber por meio de palavras como “amor” e “ódio”, mas também vasculham os acervos pesquisando termos banais e inusitados. Farley se concentra nestes: suas canções citam “batatas”, “toalha”, “mortadela”…

“As pessoas usam termos de busca muito esquisitos quando estão pesquisando músicas novas. Eu tento atender a essa demanda”, diz. O resultado disso é que o americano gravou canções sobre partes do corpo, banheiros, atletas famosos, senadores americanos, nomes incomuns e, para citar três dos exemplos de sucesso, garotas que amam Justin Bieber, sorvete e… fezes. “No futuro, quero oferecer ao menos uma música para cada termo de busca que as pessoas utilizem em suas pesquisas”, diz.

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Farley usa vários serviços on-line para divulgar e vender seu trabalho, mas o dinheiro mesmo vem por meio de dois deles: iTunes e Spotify. Pelo site da Apple, a receita vem de pessoas que escutam o amostra gratuita de 30 segundos da canção e decidem comprá-la por 99 centavos de dólar. Desse valor, 65 centavos ficam com o Farley, que diz vender em torno de 1.600 músicas por mês.

Já pelo Spotify, um serviço de streaming, ele recebe 0,5 centavo de dólar por canção ouvida. Parece pouco, mas quando se tem um acervo gigantesco como o dele, não é: suas canções são reproduzidas mais de 100.000 vezes todo mês. No fim de 30 dias, ele recebe cerca de 1.000 dólares do iTunes e 500 do Spotify.

Muita gente – incluindo admiradores – diz que o que Farley faz é “spam de música”, numa referência às mensagens eletrônicas não solicitadas que invadem nossas caixas de e-mail. Para esses críticos, as canções são uma tentativa de fisgar curiosos e distraídos com conteúdo de pouco valor (canções fabricadas, no caso). Ele discorda. Admite que não sua obra não vai ficar para a história, mas defende que suas criações são um bom entretenimento. “Tenho orgulho de criar tantas canções engraçadas e que colam no ouvido.”

Para fazer sua obra chegar a diferentes públicos, Farley usa vários nomes artísticos. No disco em que fala de celebridades e políticos, ele assina como Papa Razzi And The Photogs. Ao tratar de comida, é The Hungry Food Band, e por aí vai. A ideia é ter uma banda diferente para cada segmento: cidades, objetos, esportistas etc. O número de pseudônimos, afirma, está na casa das centenas. Mas não é difícil reconhecê-lo em meio a tantos nomes. Em todas as músicas, a fórmula é a mesma: um teclado como base, letras com rimas fáceis, umas poucas notas de guitarra e uma voz que ora soa como imitação de Bob Dylan, ora como um falso Mick Jagger. E verdade seja dita: muitos refrãos são mesmo difíceis de tirar da cabeça.

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O produtivo compositor usa quatro dias da semana para gravar suas músicas. Nos demais, dedica-se a uma associação que cuida de adolescentes que foram resgatados de suas casas por abuso e negligência dos pais. Sobra pouco tempo para a mulher e o único filho, de 9 meses. Mas o plano é seguir com a rotina. “Quero que mais e mais pessoas descubram meu trabalho. Assim, poderei viver só com a receita que a música me traz”, diz.

Ouça alguns hits de Matt Farley:

Papa Razzi And The Photogs – Charles Darwin: Good Scientist Guy!: uma divertida homenagem ao criador da teoria da evolução

The Hungry Food Banda – Mortadella: ode ao embutido (sim, a mortadela)

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