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Tratamento para câncer do colo de útero tem indicação ampliada no Brasil

Imunoterapia passa a ser recomendada para episódios avançados e de alto risco; em ensaio, redução de risco de morte foi de 42%

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jun 2024, 20h07 - Publicado em 3 jun 2024, 08h00
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  • A luta contra o câncer do colo de útero, também conhecido como câncer cervical, recebeu mais um aliado neste mês com a ampliação da indicação no Brasil de um tratamento capaz de reduzir a progressão da doença e também o risco de morte em 42%. Recomendado para episódios de metástase, a imunoterapia pembrolizumabe agora pode ser indicada para pacientes recém-diagnosticados com tumores de alto risco e localmente avançados.

    A aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ocorreu no final de abril, três meses depois da ampliação de indicação ocorrer nos Estados Unidos. A possibilidade de tratar pessoas recém-diagnosticadas com quadros avançados teve como base um grande estudo que envolveu 176 centros médicos e 1.060 pacientes tratadas com a associação entre a imunoterapia e o tratamento convencional, realizado com quimioterapia e radioterapia.

    “A  gente já tinha indicação para mulheres metastáticas para além do colo do útero, como quando o tumor se espalhava para o pulmão, mas não tínhamos para o localmente avançado, o que cresceu para outras partes, como linfonodos, vagina ou órgãos mais próximos. Isso representa um avanço para 60% das mulheres brasileiras diagnosticadas com a doença”, explica Márcia Datz Abadi, diretora médica da farmacêutica MSD no Brasil.

    Resultados positivos

    Além da redução de 42% do avanço da doença ou morte por câncer do colo de útero, o acompanhamento da evolução das voluntárias por dois anos apontou que 68% das pacientes que receberam a imunoterapia associada com a quimiorradioterapia continuavam vivas e livres de progressão das células cancerígenas. No grupo que recebeu placebo e o tratamento convencional, o índice foi de 57%.

    “A proposta é dar a oportunidade de tratamento para uma paciente que ainda não tem metástase e evitar que o câncer volte. Isso traz qualidade de vida”, afirma Márcia. “Precisamos trazer tratamentos mais avançados, trabalhar fortemente no rastreamento e, obviamente, fortalecer a prevenção com a vacina para que as próximas gerações não sofram com esse câncer evitável”, completa.

    O câncer do colo de útero

    Causado pela infecção por via sexual por tipos de papilomavírus (HPV) com potencial de desencadear células tumorais, o câncer do colo de útero é o terceiro mais comum entre mulheres. Também é o quarto tipo de tumor que mais mata pessoas com útero, principalmente as que vivem em situação de vulnerabilidade social, negras e com baixos níveis de escolaridade. Em pacientes que vivem com o HIV, a possibilidade de desenvolver tumores é até cinco vezes maior.

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    Em todo o mundo, são registrados cerca de 570 mil novos casos e 311 mil mortes por ano. No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de que 17.000 diagnósticos são feitos todos os anos e são contabilizadas, aproximadamente, 7.000 mortes.

    Vacinação contra o HPV

    Além dos exames periódicos, a principal forma de prevenir as infecções pelo vírus é por meio da vacinação. No SUS, o imunizante está disponível gratuitamente para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos de idade, pacientes oncológicos, vítimas de violência sexual de 9 a 45 anos de idade e pessoas imunossuprimidas, como quem vive com HIV ou aids e transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea.

    Neste ano, o esquema vacinal foi atualizado e a proteção passou a ser aplicada em dose únicaEvidências científicas atualizadas apontam que a população vacinada estará protegida contra o vírus.

    A vacina quadrivalente oferecida na rede pública protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18, relacionados com episódios de verrugas genitais e lesões malignas. Na rede privada, uma versão nonavalente está disponível em clínicas brasileiras desde o ano passado.

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