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Teste de medicamento contra a Covid-19 começa no Brasil

O ABX464 tem propriedades antivirais, além de capacidade de bloquear a inflamação e promover a regeneração de tecidos

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h34 - Publicado em 25 ago 2020, 08h31
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  • Um novo medicamento promissor contra a Covid-19 começa a ser testado no Brasil. O estudo de fase 2b/3 tem como objetivo avaliar a eficácia do composto de tripla ação ABX464 na prevenção da inflamação grave em pacientes de alto risco para complicações da doença.

    O medicamento, desenvolvido pela empresa francesa de biotecnologia Abivax, tem ação anti-inflamatória, antiviral e regenerativa. “A ideia é começar a tratar o paciente diagnosticado logo no início da infecção. Se funcionar, vai ser uma revolução porque vai reduzir muito a mortalidade”, disse à VEJA o imunologista Jorge Kalil, professor titular de imunologia clínica e alergia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, coordenador do estudo miR-AGE no Brasil, com o apoio dos pesquisadores Pedro Giavina Bianchi e Lucila Campos. 

    O ABX464 foi desenvolvido originalmente para tratar doenças inflamatórias graves, como a colite ulcerosa. Como aconteceu com o remdesivir, que foi desenvolvido para o tratamento do Ebola, análises in vitro mostraram que o composto é capaz de evitar a replicação do SARS-CoV-2, nome oficial do novo coronavírus, em células pulmonares humanas.

    Além disso, estudos de fase 1 e 2 mostraram que o medicamento oral reduz a inflamação e contribui para a regeneração de tecidos. “Esperamos que funcione como o antiviral remdesivir ou até melhor e também atue na inflamação”, afirma Kalil. A hiperinflamação pulmonar é a principal causa de desconforto respiratório e de morte dos pacientes com Covid-19.

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    Os pesquisadores acreditam que a propriedade de reparação tecidual, observada em portadores de colite ulcerativa, pode ajudar a prevenir uma potencial disfunção pulmonar de longo prazo após a infecção. Os estudos iniciais também mostraram excelente segurança clínica e perfil de tolerabilidade do medicamento.

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    “Na atual situação, sem vacina e sem imunidade em massa contra a Covid-19, necessitamos de um tratamento rápido que reduza a gravidade dessa doença”, afirma Hartmut Ehrlich, CEO da Abivax.

    No total, serão 1.034 voluntários nesta última fase de estudos, na Europa e América Latina. Metade dos participantes receberá o medicamento e a outra metade, um placebo. A estimativa é que apenas no Brasil, cerca de 800 participantes sejam incluídos. “O Brasil foi escolhido porque tem muitos casos de Covid-19 e também porque confiam no trabalho científico realizado no país”, explicou o coordenador.

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    O tratamento consiste na ingestão de uma cápsula diária de ABX464, por 28 dias. A administração por via oral permite o tratamento precoce de participantes hospitalizados ou em casa. Poderão participar do estudo pessoas acima dos 65 anos ou pessoas com menos de 65 anos que apresentem fatores de risco e que tenham recebido o diagnóstico positivo de infecção pelo novo coronavírus por meio do exame RT-PCR há até 48 horas.

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    Durante o período obrigatório de quarentena de 14 dias, os participantes receberão o tratamento e serão monitorados por telefone. A partir da terceira semana de tratamento, ou a partir da data em que participante for liberado da quarentena pelo seu médico, os participantes deverão comparecer ao hospital em que foram recrutados para o estudo, uma vez por semana, para monitoramento.

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    Até o momento, os centros de pesquisa confirmados no país são: Conjunto Hospitalar do Mandaqui, em
    São Paulo (SP); Hospital Municipal Oceânico e Policlínica, no Rio de Janeiro (RJ); Centro Oncológico de Roraima, em Boa Vista (RR);, Faculdade de Medicina de Botucatu, em Botucatu (SP); Hospital dos Servidores do Estado de Pernambuco, em Recife (PE), Hospital Regional Hans Dieter Schimdt, em Joinville (SC); Instituição Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto, em São José do Rio Preto (SP).

    O estudo duplo cego, randomizado, controlado com placebo, foi aprovado pela Anvisa, bem como pelas agências sanitárias da França, Alemanha, Reino Unido e Itália. A aprovação pelas autoridades do México, Chile e Peru está em andamento.

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