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Técnica faz “impressão digital” do câncer em amostras de saliva e urina

Método em fase experimental extrai compostos orgânicos voláteis das amostras, permitindo identificar alterações que indiquem a presença da doença

Por Diego Alejandro
13 abr 2023, 15h45

Pesquisadores brasileiros da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) desenvolveram uma técnica para o diagnóstico de câncer a partir da análise de amostras de saliva e de urina. O método transforma as amostras em vapor, de onde são extraídos compostos voláteis para identificar alterações que servem como “impressões digitais” da doença.

A técnica é experimental, mas os resultados obtidos em estudo abrem perspectivas para a utilização futura de uma alternativa de custo reduzido e não invasiva para o diagnóstico de diferentes tipos de tumores. Os resultados foram publicados no periódico científico Journal of Breath Research.

“Para diagnosticar o câncer, médicos utilizam diversos exames como mamografia, tomografia, ressonância magnética, endoscopia, colonoscopia, exames de sangue e biópsia. Esses métodos são seguros e eficazes.”, explica o farmacêutico bioquímico Bruno Ruiz Brandão da Costa, autor do artigo. “No entanto, esses procedimentos costumam ser invasivos, trabalhosos, envolvem custos consideráveis e exigem profissionais altamente qualificados”.

As substâncias químicas analisadas no estudo são chamadas de compostos orgânicos voláteis (VOCs), produzidos naturalmente pelo corpo humano, mas que podem sofrer alterações em pessoas com câncer. “Em casos de doenças como o câncer, ocorrem alterações metabólicas que podem gerar novos VOCs ou modificar a concentração dos que já estão presentes no organismo”, diz Costa.

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Por isso, o objetivo principal da pesquisa foi comparar o perfil dos VOCs presentes no fluido oral e na urina de pessoas saudáveis e de pacientes com câncer de cabeça, pescoço e gastrointestinal, identificando assim as ‘assinaturas do câncer’. As análises foram realizadas no Laboratório de Análises Toxicológicas Forenses do Departamento de Química da instituição. 

Duante o estudo, o material foi colocado em um frasco fechado, aquecido e agitado, para logo em seguida, ser submetido a um processo de vaporização, com o vapor sendo analisado por um equipamento de cromatografia com detector de ionização, que realiza a separação dos compostos.

“Os compostos são detectados e geram um sinal analítico que chamamos de ‘pico’. O conjunto de picos presentes em toda a análise é chamado de ‘cromatograma’”, detalha Bruno. Os perfis cromatográficos de cada amostra foram analisados e a técnica foi capaz de identificar as assinaturas do câncer em pessoas com a doença.

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“Neste trabalho nós não identificamos as substâncias presentes nas amostras, para isso seria necessário um equipamento muito mais caro. A diferenciação foi feita exclusivamente pelos diferentes perfis dos picos presentes no cromatograma, o que também é chamado de fingerprint ou uma ‘impressão digital’ do câncer”, explica Costa.

Os modelos individuais que apresentaram os melhores resultados em termos de sensibilidade e especificidade foram o de câncer de cabeça e pescoço em urina, com 84,8% e 82,3%, e o de câncer gastrointestinal em saliva, com 78,6% e 87,5%.

“Com relação aos modelos híbridos, para câncer de cabeça e pescoço, a pesquisa obteve 75,5% de sensibilidade e 88,3% de especificidade. Já para câncer gastrointestinal, os índices foram de 69,8% e 87%”.

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Diversos estudos buscam relacionar o diagnóstico do câncer à análise de compostos voláteis. “Nossos resultados são promissores, porém, o número de voluntários que participaram da pesquisa foi relativamente pequeno. É necessário continuar a pesquisa com um número muito maior de participantes para depois pensar em usar o método nos serviços de saúde. Porém acredito, e espero, que um dia isso possa acontecer”, avalia o professor.

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