Sete sociedades médicas vieram a público pedir ao Conselho Federal de Medicina (CFM), presidido por José Hiran da Silva Gallo, sua diretoria e conselheiros, que seja feita uma votação para a regulamentação do uso de esteroides anabolizantes e similares para fins estéticos e de performance. Assunto que tem sido amplamente discutido nos últimos meses, a entidade votará nesta quinta-feira 30 para decidir se fará ou não o pleito.
Os esteroides anabolizantes são drogas que têm como função principal a reposição de testosterona (hormônio responsável por características que diferem homem e mulher). Eles ajudam no crescimento dos músculos (efeito anabólico) e no desenvolvimento das características sexuais masculinas, como pelos, barba, voz grossa etc.
Aqueles sem problemas médicos, porém, utilizam para a estética e para melhorar o desempenho nos esportes. No documento, publicado na última sexta-feira, 24, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) alertam justamente para o aumento do uso indevido de anabolizantes, o que acarreta um número crescente de complicações advindas do uso indevido de hormônios.
“Ainda, inúmeros anúncios patrocinados fazem um verdadeiro comércio de cursos intensivos de prescrição de hormônios anabolizantes e ‘chipagem’ hormonal, entre outros similares”, avisa o documento. O público-alvo, de acordo com o texto, é formado, especialmente, por jovens médicos recém-formados que “seduzidos por promessas de altos rendimentos, diferenciação e colocação rápida no mercado de trabalho, acabam por seguir esses caminhos, que se apresentam como fáceis atalhos”.
Isso é propiciado por uma “percepção de impunidade”, por conta da presença constante desses porta-vozes, de forma aberta e explícita, em diferentes mídias sociais, fazendo transparecer uma “normalização” e “legalidade” desses procedimentos. “O que sustenta ainda mais uma regulamentação pelas entidades médicas competentes”, diz a nota.
Atualmente, as marcas utilizadas de forma indevida como anabolizantes – Durateston e Deca-Durabolin, por exemplo – são indicadas apenas para pessoas que não produzem quantidade suficiente de testosterona.
Em casos de uso inadequado e abusos, há efeitos adversos como tremores, acne severa, retenção de líquidos, dores nas juntas, aumento da pressão sanguínea, tumores no fígado e pâncreas, alterações nos níveis de coagulação sanguínea e de colesterol, aumento da agressividade, que pode resultar em comportamentos violentos, às vezes, de consequências trágica, entre outros.