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‘Serviço de vigilância precisa ficar atento’, diz médico após mortes por Oropouche

Ex-secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn comenta sobre primeiros dois óbitos relacionados à doença registrados no mundo

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 jul 2024, 12h31
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  • Com a confirmação do Ministério da Saúde de duas mortes por febre Oropouche, infecção transmitida por mosquitos, como os primeiros óbitos pela doença relatados no mundo, serviços de vigilância federais, estaduais e municipais devem reforçar seus trabalhos para diagnosticar e monitorar pacientes, segundo o infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein Jean Gorinchteyn, ex-secretário de Estado da Saúde de São Paulo, que atuou na pasta durante a pandemia de Covid-19.

    A arbovirose já vinha despertando atenção de entidades de saúde, caso da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que emitiu um alerta aos países da região das Américas sobre o risco de transmissão do vírus da mãe para o bebê diante da investigação de casos de microcefalia e morte fetal relacionados com a doença no Brasil.

    Nesta quinta-feira, 25, o Ministério da Saúde emitiu um comunicado confirmando a morte de duas mulheres do interior da Bahia que apresentaram sintomas de dengue grave. Elas tinham menos de 30 anos e não apresentavam comorbidades (doenças prévias). “Até o momento, não havia relato na literatura científica mundial sobre a ocorrência de óbito pela doença”, informou a pasta.

    “Os serviços de vigilância federal, estaduais e municipais precisam ficar muito atentos, porque estamos com 20 estados com comprometimento. É preciso fazer a identificação e rastreio dos indivíduos doentes que voltaram de regiões de mata, mas também com sintomas típicos seja para dengue, zika ou chikungunya para garantir o rastreio”, afirma Gorinchteyn. “Se testar negativo, deve fazer o teste para verificar se é Oropouche”, completa.

    O fato de as vítimas não terem comprometimento da imunidade ou outras doenças é outro ponto que mostra a importância do controle das infecções e necessidade de reduzir o número de casos.

    “Assim como na dengue, que pode ter manifestações e respostas inflamatórias mais graves, mortes podem ser registradas quando a doença tem um número de acometimentos maior por causa da gravidade manifestada em respostas individuais diante da doença”, explica o infectologista.

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    Morte em investigação

    O ministério informou que uma morte registrada em Santa Catarina permanece em investigação, mas um óbito notificado no Maranhão por suspeita de relação com a infecção foi descartado.

    Inicialmente, os casos se concentravam na região Norte do país, principalmente no Amazonas e em Rondônia. Depois, se espalharam para outros estados. A doença é monitorada pela Sala Nacional de Arboviroses, que acompanha outras infecções causadas por mosquitos, e foram registrados  7.236 casos de febre Oropouche em 2024.

    “Sabemos que 93% dos registros são na região amazônica, mas já temos casos autóctones, ou seja, de transmissão local, no Piauí, na Bahia e no Espírito Santo. Por isso, existe uma discussão sobre a adaptação do vírus e do pernilongo comum, o mosquito Culex, para transmissão do vírus”, explica o infectologista. Normalmente, o mosquito conhecido como maruim ou mosquito-pólvora é o vetor da doença.

    Casos de transmissão da mãe para o bebê

    O Ministério da Saúde investiga ainda seis casos de transmissão da mãe para o bebê da doença que resultaram em episódios de morte fetal, aborto espontâneo e três casos de microcefalia, malformação que causa a diminuição do perímetro da cabeça dos bebês. Foram três episódios em Pernambuco, um na Bahia e outro no Acre.

    “As análises estão sendo feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com o acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se há relação entre a febre Oropouche e casos de malformação ou abortamento”, disse, em nota, a pasta.

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    Entenda a febre Oropouche

    A febre Oropouche é causada pelo vírus OROV e é transmitido por mosquitos. Em regiões urbanas, o Culex quinquefasciatus é um dos vetores.

    Detectado pela primeira vez em Trinidad e Tobago no ano de 1955, tem causado surtos esporádicos no Brasil, Equador, Guiana Francesa, Panamá e Peru. No Brasil, o vírus foi isolado pela primeira vez em 1960 por meio de uma amostra de sangue de uma bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília.

    Os sintomas da doença são febre de início súbito, dor de cabeça, rigidez articular e dores. Alguns pacientes manifestam fotofobia (intolerância visual à luz), náuseas e vômitos persistentes que podem durar de cinco a sete dias. Em casos mais graves, que são raros, pode ocorrer a evolução para meningite asséptica.

    Como evitar a febre Oropouche

    Assim como outras arboviroses, não há vacina disponível para evitar a infecção.

    A recomendação da Opas é usar roupas que cubram os braços e as pernas, instalar telas mosquiteiras em portas e janelas, usar mosquiteiros nas camas e utilizar repelentes com DEET, IR3535 ou icaridina.

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