‘Se não tiver união, não tem saúde’, diz ministra no dia D contra a dengue
Nísia Trindade pede que estados, municípios e população trabalhem para combater focos do mosquito; Brasil soma mais de 1 milhão de casos e 258 mortes
Em evento na manhã desde sábado, 2, durante as ações do “dia D” contra a dengue, a ministra da Saúde Nísia Trindade voltou a solicitar que a população e as gestões estaduais e municipais se juntem na luta contra o mosquito Aedes aegypti, causador da doença e também da chikungunya e zika. Segundo o balanço de notificações do Ministério da Saúde, o país soma 1.038.475 casos e 258 mortes. Outros 651 óbitos estão em investigação.Ministra da Saúde Nísia Trindade
“Hoje temos o Brasil unido contra a dengue: governo do estado, federal, prefeituras e toda a população. Se não houver união, não tem saúde”, afirmou Nísia.
Ela informou que o ministério tem orientado os profissionais de saúde para o atendimento dos pacientes infectados pelo vírus e que, nesta sexta-feira, 1º, foi lançado o segundo guia de manejo de pacientes voltado para gestantes, que fazem parte do grupo de risco para a doença.
“Vamos, nesse dia de combate à dengue, olhar cada vaso de planta, cada pneu, o lixo urbano, dentro das nossas casas, garrafas, caixa d’água destampada. Nós sabemos o que fazer e temos de fazer todos os dias, porque é uma campanha em benefício da nossa vida”, disse. A pasta tem alertado que 75% dos focos do Aedes aegypti estão em residências.
O Brasil ultrapassou 1 milhão de casos de dengue na última quinta-feira, 29, em apenas dois meses de surto da doença. No mês passado, o ministério divulgou a estimativa de que o número de casos de dengue pode chegar a 4,2 milhões em 2024, índice que seria um recorde.
Em 2023, na mesma semana epidemiológica, o país somava 207.475 casos de dengue e atingiu 1 milhão de registros da doença somente no período entre 30 de abril e 6 de maio, na semana epidemiológica 18. Durante todo o ano passado, foram registrados 1.658.816 casos e 1.094 mortes por dengue.
Surto de dengue no Brasil
Desde 2022, a dengue voltou a crescer no país. A partir das primeiras semanas do ano, os números da doença causada pelo mosquito Aedes aegypti começaram a escalar de forma preocupante, fazendo com que estados e municípios brasileiros implementassem medidas como aumento de leitos e tendas para hidratação dos pacientes. Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais declararam situação de emergência por epidemia neste ano. O decreto também foi publicado em 154 municípios.
Segundo o Ministério da Saúde, o Distrito Federal concentra o maior número de casos por 100 mil habitantes. Lá, um hospital de campanha da Força Aérea Brasileira (FAB) foi montado para fazer o atendimento de pacientes que precisam de hidratação.
A doença tem colocado o mundo em alerta por estar se alastrando em novas e antigas regiões com a ajuda das mudanças climáticas, que criam condições propícias para a reprodução e proliferação dos mosquitos. Desde o ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o tom ao se debruçar sobre dados e constatar que, em 2022, as taxas de infecção aumentaram oito vezes em relação ao ano 2000.
Em visita ao Brasil no início do mês, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que “o surto atual faz parte de um grande aumento em escala global da dengue”. Segundo Adhanom, o levantamento da entidade apontou que, no ano passado, foram notificados 5 milhões de casos e 5.000 óbitos relacionados com a infecção em mais de oitenta países.
Como evitar o Aedes aegypti
- Mantenha a caixa d’água bem fechada
- Receba bem os agentes de saúde e os de endemias
- Amarre bem os sacos de lixo
- Coloque areia nos vasos de planta
- Guarde pneus em locais cobertos
- Limpe bem as calhas de casa
- Não acumule sucata e entulho
- Esvazie garrafas PET, potes e vasos
Vacina contra a dengue
O Distrito Federal e o estado de Goiás foram os primeiros a receber doses da vacina contra a dengue, dando início à campanha de imunização que, no momento, está concentrada na faixa dos 10 e 11 anos de idade. Além dessas localidades, Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins também receberão doses que serão distribuídas para 521 municípios.
Eles foram selecionados por serem locais com mais de 100 mil habitantes que estão com predominância do sorotipo 2 da doença e tiveram números altos de notificações desde o ano passado. Também são pontos que registraram índices elevados de infecção nos últimos dez anos.
Com o envio de novas doses, o cronograma vai contemplar as demais faixas etárias até os 14 anos, grupo prioritário escolhido por ser o mais afetado por episódios que levam à internação.
Em outubro do ano passado, a OMS recomendou a vacinação contra a doença com foco principalmente em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em países endêmicos, caso do Brasil. Por aqui, o imunizante Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) meses antes, em março.
O Ministério da Saúde seguiu a recomendação da entidade e vai ofertar o imunizante para essa faixa etária. Com a medida, o Brasil se tornou o primeiro país a incluir a vacina no sistema público de saúde.
O país recebeu cerca de 750.000 doses, parte da primeira remessa com 1,32 milhão de doses adquiridas pelo governo brasileiro. Também está prevista a entrega de 568.000 doses ainda neste mês. Neste ano, está prevista a chegada escalonada de mais 5,2 milhões de doses. Para 2025, foram adquiridas 9 milhões de doses.