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Saúde vai redistribuir vacinas da dengue para atingir mais municípios

Segundo a ministra Nísia Trindade, doses que não foram usadas serão encaminhadas para locais que decretaram emergência por epidemia

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 12h17 - Publicado em 20 mar 2024, 12h33
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  • A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou na tarde desta quarta-feira, 20, que as doses da vacina contra a dengue não aplicadas até o momento nos municípios que fazem parte da campanha de imunização da população de 10 a 14 anos serão redistribuídas para cidades que decretaram estado de emergência para epidemia da doença. A lista com as localidades pode ser divulgada ainda hoje.

    “Nós estamos trabalhando e, com respaldo do comitê científico, vamos fazer a redistribuição das doses que não foram aplicadas usando um ranqueamento dos municípios que estão em emergência por dengue”, disse em coletiva. “Para atingir mais municípios, poderíamos ampliar a faixa etária, mas, pela questão de saúde pública, vamos ampliar os municípios”, explicou. Até o momento, 350 cidades publicaram decreto de emergência.

    Segundo Nísia, há pressão dos municípios sobre o envio de doses e a nova recomendação foi elaborada em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). O tema é difícil. Há demanda, pressão, mas também compreensão.”

    Nesta segunda-feira, 18, a cidade de São Paulo decretou emergência por epidemia da doença e a prefeitura informou que enviaria o quarto ofício ao governo federal solicitando doses para a capital paulista.

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    Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Ethel Maciel informou que 1,2 milhão de doses foram doadas pela pasta e distribuídas. Até o momento, 435 mil foram aplicadas.

    “Temos um quantitativo importante que não pode ficar parado nos municípios. O PNI (Programa Nacional de Imunizações) vai orientar que os municípios com mais casos recebam essas doses”, explicou. A redistribuição ocorrerá dentro dos estados que receberam as doses para que questões logísticas não atrasem o repasse das vacinas.

    Nísia criticou o fato de que as crianças não estão sendo levadas aos postos de vacinação para receber a primeira dose contra a dengue, o que motivou a redistribuição. “Há uma pressão específica na vacinação da dengue. A gente vive essa contradição. Por um lado, tem pessoas que querem tomar a vacina. Por outro lado, os responsáveis não estão levando (os filhos) para vacinar.”

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    A ministra destacou que “nenhum país tem a vacina para uso em massa” e que a farmacêutica não tem capacidade para envio de mais doses no momento. Ela antecipou que “haverá possibilidade de produção nacional” por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mas que o anúncio só será feito com a definição do montante de doses a serem produzidas e o cronograma.

    Surto de dengue

    O país enfrenta uma forte alta de casos de dengue desde as primeiras semanas de 2024 e, na semana passada, o número de casos no Brasil ultrapassou os registros de todo o ano de 2023, quando foram contabilizados 1.658.816 casos e 1.094 mortes pela doença.

    Neste ano, foram registrados 1.937.651 casos da doença e 630 mortes. Outros 1.009 óbitos estão em investigação. O número de notificações até o momento é o maior dos últimos dez anos. No início de fevereiro, o ministério divulgou a estimativa de que o número de casos de dengue no país pode chegar a 4,2 milhões em 2024, índice que seria um recorde.

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    Vacina contra a dengue

    O Distrito Federal e o estado de Goiás foram os primeiros a receber doses da vacina contra a dengue, dando início à campanha de imunização que, no momento, está concentrada na faixa dos 10 aos 14 anos de idade. Além dessas localidades, Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins também receberão doses, que serão distribuídas a 521 municípios.

    Eles foram selecionados por serem locais com mais de 100 mil habitantes que estão com predominância do sorotipo 2 da doença e tiveram números altos de notificações desde o ano passado. Também são pontos que registraram índices elevados de infecção nos últimos dez anos.

    O grupo prioritário foi escolhido por ser o mais afetado por episódios que levam à internação.

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    Em outubro do ano passado, a OMS recomendou a vacinação contra a doença com foco principalmente em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em países endêmicos, caso do Brasil. Por aqui, o imunizante Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) meses antes, em março.

    O Ministério da Saúde seguiu a recomendação da entidade e vai ofertar o imunizante para essa faixa etária. Com a medida, o Brasil se tornou o primeiro país a incluir a vacina no sistema público de saúde.

    Reações adversas da vacina

    O Ministério da Saúde apresentou neste mês esclarecimentos sobre uma nota técnica com dados sobre eventos adversos relacionados à vacina contra dengue, a Qdenga, incorporada no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e aplicada no público de 10 a 14 anos.

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    Segundo o documento, entre as 365 mil doses aplicadas das redes pública e privada, foram relatadas 529 notificações, das quais 70 foram reações alérgicas, como hipersensibilidade e anafilaxia.

    Os casos são considerados raros e especialistas recomendam que os pais continuem levando filhos a postos de vacinação para protegê-los contra infecção causada pelo mosquito Aedes aegypti.

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