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Saiba por que as taxas de cura da leucemia não avançam no Brasil

Doença afeta principalmente crianças e índice está em torno dos 70% desde os anos 2000

Por Paula Felix
13 fev 2022, 11h30

Tipo mais comum de câncer infantil, a leucemia começou a ser tratada no Brasil na década de 1980, mas, desde os anos 2000, os índices de cura estão estagnados. A doença, que atinge células da medula óssea – órgão que fabrica as células do sangue -, chega a ter chance de cura de 90% em países como os Estados Unidos. Por aqui, o percentual gira em torno dos 70%, impacto do atraso do diagnóstico e até o abandono do tratamento.

Dos casos da doença, 80% são de Leucemia Linfoide Aguda (LLA), que já teve taxa de cura de 30% quando os primeiros pacientes começaram a receber o tratamento no país. A demora para ter o diagnóstico é um dos principais motivos para que a taxa de sucesso não seja alta. Pais e pediatras devem estar atentos a episódios de infecções recorrentes ou persistentes, palidez, fadiga, febre, hematomas, sangramentos sem explicação, principalmente no nariz e nas gengivas, e aumento de gânglios.

Ao não iniciar o tratamento precocemente, os pacientes estão mais predispostos a ter complicações e até a morrer. “Isso leva a um alto índice de mortalidade no começo do tratamento, que hoje é 6%, quando o tolerável seria 1,8%. E ainda perdemos crianças com a doença controlada, em remissão. Na grande maioria das vezes isso acontece por conta de complicações, como infecções”, diz a hematologista pediátrica Maria Lucia de Martino Lee, coordenadora do Serviço de Hematologia Pediátrica do Hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

O foco do tratamento é destruir as células tumorais para que a medula óssea retome a produção de células normais. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tratamento de leucemias agudas é feito por meio de quimioterapia, controle das infecções e hemorragias e terapias que evitem a chegada  das células doentes ao Sistema Nervoso Central. Pode haver indicação de transplante de medula óssea.

Uma das propostas para aumentar as taxas de cura é a adoção de um protocolo nacional para o tratamento da enfermidade. Um documento elaborado pelo Grupo Cooperativo Brasileiro de Tratamento da Leucemia Linfoide Aguda na Infância (GBTLI) deve ser lançado ainda no primeiro semestre deste ano e vai abordar temas como proposta terapêutica, acompanhamento de toxicidade e cura.

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