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Redes sociais e depressão. Risco é maior entre meninas

Segundo estudo, as meninas passam mais tempo nas redes sociais e estão mais propensas a apresentar sintomas depressivos na adolescência

Por Redação
Atualizado em 7 jan 2019, 20h07 - Publicado em 7 jan 2019, 20h06
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  • Há algum tempo o uso das mídias sociais tem sido associado a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, especialmente em adolescentes. Agora novas evidências indicam que as meninas estão mais sujeitas a apresentar sintomas depressivos relacionados ao uso de redes sociais em comparação com os meninos. De acordo com estudo publicado na semana passada no periódico EClinical Medicine, a explicação para esse fenômeno pode estar conectado com a forma como o sexo feminino utiliza esses aplicativos.

    “Eu acho que tem a ver com a natureza do uso. No Reino Unido, por exemplo, as garotas tendem a usar mais mídias sociais como Snapchat e Instagram, que é mais baseado na aparência física, tirando fotos e comentando essas fotos”, disse Yvonne Kelly, principal autora do estudo, à CNN. Outro ponto destacado pela pesquisa é o fato de que as meninas estão mais conectadas: 43,1% disseram utilizar as redes sociais por três horas ou mais por dia; já os meninos representam 21,9%. 

    Segundo a equipe da University College London, no Reino Unido, quanto mais tempo os adolescentes passam utilizando este tipo de recurso social, maiores são as chances de desenvolver problemas de saúde mental. Apesar disso, os pesquisadores ainda não conseguiram determinar se o uso frequente de mídias sociais leva a sintomas depressivo ou se adolescentes com o distúrbio tendem a usar mais esses aplicativos.

    Meninas e meninos

    Para chegar a esta conclusão, o estudo analisou 10.904 jovens que nasceram entre 2000 e 2002 no Reino Unido. As informações, coletada através do projeto UK Millennium Cohort Study, incluíram dados sobre a manifestação de sintomas depressivos nos adolescentes – registrados através de pontuações – e o uso de mídias sociais.

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    Os pesquisadores descobriram que, em média, as meninas tinham pontuações mais altas para depressão: o resultado mostrou que houve um aumento de 50% nos sintomas depressivos entre meninas e 35% entre meninos. Esses números foram encontrados para participantes que utilizavam as redes sociais por mais de cinco horas diárias. 

    A avaliação ainda indicou que, para adolescentes cujo tempo de utilização é de três a cinco horas, 26% das meninas e 21% dos meninos apresentaram pontuações maiores para sintomas depressivos em comparação com aqueles que usaram as mídias sociais por uma a três horas por dia.

    “Se estar online com mais frequência pode ser considerado um fator social que torna mais provável o surgimento da depressão, não me surpreende que exista diferenças entre gêneros já que quando as meninas são mais vulneráveis à doença”, comentou Anne Glowinski, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, à CNN. Isso acontece porque, segundo ela, as meninas estão mais propensas ao risco de transtornos mentais após a puberdade.

    Ainda que exista uma clara diferença no quesito gênero, os cientistas não conseguiram explicar o porquê isso acontece.

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    Fatores de risco

    De acordo com Anne, a depressão é um transtorno causado por fatores genéticos e ambientais, incluindo o ambiente social, e a forma como interagem entre si. Para os pesquisadores, além do tempo dispensado para o uso de redes sociais outros fatores de risco podem estar associados ao desenvolvimento de sintomas depressivos em adolescentes, como hábitos de sono, experiências online, cyberbullying, imagem corporal (o que pensam dos próprios corpos) e autoestima. Para Yvonne, os mais significativos são o sono e o cyberbullying.

    O tempo dispensado para as redes sociais pode ser diminuído, especialmente antes de dormir, se os pais criarem uma estação de carregamento fora dos quartos, assim durante a noite o celular fica longe do alcance dos filhos. Se o celular é usado como despertador, a dica é voltar-se para os despertadores tradicionais, assim os adolescentes não perdem a hora de acordar nem perdem horas de sono em detrimento do celular.

    Críticas

    Embora as descobertas sejam significativas, é preciso destacar que o estudo teve algumas limitações, incluindo a falta de relação causal, ou seja, os resultados apresentam apenas uma correlação entre os sintomas depressivos e o uso de mídias sociais, mas não provam que as redes sociais causaram os sintomas depressivos ou que os sintomas depressivos levaram ao maior uso dos aplicativos.

    Outro ponto negativo é que os sintomas de depressão descritos no estudo podem incluir sentimentos de infelicidade, inquietação ou solidão , que não necessariamente indicam um transtorno psicológico. O estudo também foi baseado em informações auto-relatadas adquiridas através de questionários, portanto, os participantes podem não lembrar ou revelar com precisão a quantidade de tempo gasto jogando ou assistindo a vídeos nas redes sociais.

    Diante disso, os pesquisadores ressaltam que mais pesquisas são necessárias para esclarecer as dúvidas que ainda não foram sanadas.

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