Quase metade das moradias no Brasil tem falta de saneamento básico
Pesquisa com base em dados do IBGE revela que cerca de 102 milhões de brasileiros enfrentam diariamente algum tipo de privação nesse setor
Cerca de 102 milhões de brasileiros enfrentam diariamente algum tipo de privação de saneamento. Ou seja, uma em cada duas pessoas no país não tem oferta adequada de água potável e banheiros, além de carência na coleta ou tratamento de esgoto.
O levantamento feito entre 2013 e 2022, e conduzido pelo Instituto Trata Brasil, com dados provenientes da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz resultados preocupantes: dentre as 74 milhões de moradias no Brasil, quase 9 milhões não têm acesso à rede geral de água, 17 milhões enfrentam uma frequência insuficiente de recebimento de água, 11 milhões não possuem reservatório de água, 1 milhão carece de banheiro e 22 milhões não contam com coleta de esgoto.
Isso quer dizer que todos os dias, um número que equivale a 5.000 piscinas olímpicas cheias de rejeitos sanitários são despejadas nos rios e mares do país, contaminando praias, poluindo áreas urbanas e causando doenças na população, de acordo com outra pesquisa do Trata Brasil, com dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), do governo federal.
O Nordeste se destaca como a região mais afetada, com 40,3 milhões de pessoas enfrentando alguma privação de saneamento. No Piauí, por exemplo, 83% da população não está conectada a uma rede de coleta.
Dos 69,706 milhões de pessoas sem acesso aos serviços de coleta de esgoto, 27% estavam abaixo da linha de pobreza em 2022 ( com renda de até R$ 417,45 por mês). Além disso, do total de moradias nessa situação, 62,7% estão em áreas urbanas e 37,3% em áreas rurais. A pesquisa revela ainda que dos 4,4 milhões de brasileiros sem acesso a um banheiro em casa, 85% são pretas.
“O estudo mostra os grandes desafios que ainda temos para universalizar essas modalidades de infraestrutura no país”, afirma Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil,. “O problema afeta de maneira contundente as jovens famílias brasileiras, muitas das quais vivendo abaixo da linha da pobreza, e que, além de tudo, adoecem mais graças a essa falta de infraestrutura.”