Pressionado por membros da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e por funcionários do complexo hospitalar, o advogado Kalil Rocha Abdalla anunciou no domingo que vai se licenciar por pelo menos 90 dias do cargo de provedor da instituição.
A entidade filantrópica vive uma crise financeira, agravada durante a gestão de Abdalla, quando o déficit passou de 80 milhões de reais para mais de 400 milhões de reais. O advogado está à frente da Santa Casa desde 2008 e cumpre seu terceiro mandato como provedor, o mais alto na hierarquia da entidade.
Auditorias encomendadas pelo governo do Estado apontaram indícios de má gestão e até mesmo sobrepreços em contratos firmados pela Santa Casa. Em nota divulgada na noite de ontem, a instituição informou que Abdalla decidiu se licenciar do cargo “no melhor interesse da instituição e de forma a garantir ainda mais transparência e lisura da sindicância instaurada a seu pedido”.
A apuração interna foi determinada pelo provedor há cerca de dez dias, após a divulgação dos resultados de auditoria externa feita pela empresa BDO, contratada pela Secretaria Estadual da Saúde.
Abdalla passou a sofrer uma série de pressões internas depois que os resultados da auditoria foram apresentados. Na quarta-feira, durante reunião com 32 membros da Mesa Administrativa da instituição, recebeu moção de dez dos integrantes pedindo a sua saída. Na sexta, um manifesto assinado por mais de 1.300 funcionários do complexo hospitalar solicitou a sua renúncia. O atual provedor também vinha sendo pressionado pelo Ministério Público Estadual (MPE) a se distanciar da gestão da Santa Casa.
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Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada na quinta-feira, o promotor Arthur Pinto Filho, que conduz inquérito para investigar problemas na entidade filantrópica, declarou que abriria em janeiro ação civil pública pedindo a destituição de Abdalla por incapacidade de seguir à frente da Santa Casa. Ele afirmou que a medida seria tomada caso Abdalla não saísse do cargo espontaneamente ou por ação da irmandade.
Trâmites – No período de afastamento de Abdalla, deverá assumir o cargo o vice-provedor, Ruy Altenfelder. Caso Abdalla anuncie a renúncia definitiva ao final da licença, deverão ser convocadas novas eleições para a provedoria, na qual os 500 membros da irmandade elegem o novo líder da maior instituição filantrópica da América Latina.
A medida ocorre quando o provedor ainda não chegou à metade da gestão. O terceiro mandato de Abdalla começou em abril deste ano e vai até o mesmo mês de 2017.
(Com Estadão Conteúdo)