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Poluição do ar mata mais que o tabaco, alertam cientistas

A poluição do ar foi responsável por 8,8 milhões de mortes em 2015. Destas mortes, a maioria ocorreu por doenças cardiovasculares

Por Redação
Atualizado em 12 mar 2019, 18h17 - Publicado em 12 mar 2019, 18h16
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  • A poluição do ar está matando mais pessoas anualmente do que o tabaco, alerta estudo publicado nesta terça-feira no periódico European Heart Journal. Segundo estimativas, a poluição foi responsável por 8,8 milhões de mortes em 2015 – número que representa quase o dobro da última estimativa (4,5 milhões). Os pesquisadores ainda destacaram que 40% a 80% dessas mortes ocorreram devido a doenças cardiovasculares, como ataque cardíaco e acidente vascular cerebral (AVC). 

    “Para colocar em perspectiva, isso significa que a poluição do ar causa mais mortes por ano do que o tabagismo, que foi responsável por um extra de 7,2 milhões de mortes em 2015, de acordo com estimativa da Organização Mundial de Saúde”, ressaltou Thomas Münzel, da Universidade de Mainz, na Alemanha, em comunicado

    A pesquisa, que teve como foco a Europa, mostrou que a poluição do ar provocou 790.000 óbitos no continente. Globalmente, acredita-se que ela tenha causado 120 mortes extras por ano para cada 100.000 pessoas. Entre os poluentes estudados, a equipe se concentrou no ozônio e nas menores partículas poluentes (PM2.5), que são especialmente danosos à saúde uma vez que conseguem penetrar os pulmões e podem até chegar à corrente sanguínea.

    “Como a maior parte da matéria particulada e outros poluentes do ar na Europa vêm da queima de combustíveis fósseis, precisamos migrar para outras fontes de geração de energia urgentemente”, salientou Jos Lelieveld, co-autor do estudo, em nota. Por causa disso, os especialistas sugerem a utilização de energia limpa e renovável para conseguir reduzir as taxas de mortalidade ligadas à poluição do ar em até 55% na Europa.

    Perigos

    Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores usaram dados de exposição que simulam os processos químicos atmosféricos e a maneira como eles interagem com a terra, o mar e os produtos químicos emitidos por fontes naturais e fontes artificiais, como geração de energia, indústria, tráfego e agricultura. A equipe se concentrou especialmente nos níveis de partículas finas poluidoras conhecidas com diâmetro menor ou igual a 2,5 mícrons (PM2.5) e ozônio. Também foram considerados informações sobre densidade populacional, localizações geográficas, idade, fatores de risco para várias doenças e causas de morte.

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    Para os cientistas, a análise indicou que o impacto negativo das PM2.5 na saúde é pior do que o imaginado, pois é a principal causa de doenças respiratórias e cardiovasculares. Por causa disso, eles ressaltaram a importância de reduzir o limite máximo desse poluente na União Europeia, que atualmente é 2,5 vezes mais alta do que o recomendado pela OMS. “Na Europa o valor permitido máximo é alto demais. O fumo é evitável, mas a poluição do ar não é”, ressaltaram os pesquisadores. Países como Canadá, Estados Unidos e Austrália já seguem as diretrizes da OMS.

    Redução da expectativa de vida

    Uma investigação mais detalhada ainda revelou que a poluição do ar pode provocar a redução na expectativa de vida da população. Na Polônia, por exemplo, essa redução é de 2,8 anos; seguindo pela Alemanha (2,4), Itália (1,9), França (1,6) e Reino Unido (1,5).

    “A ligação entre poluição do ar e doenças cardiovasculares, bem como doenças respiratórias, está bem estabelecida. Ela causa danos aos vasos sanguíneos através do aumento do stress oxidativo, o que leva ao aumento da pressão arterial, diabetes, AVC, ataques cardíacos e insuficiência cardíaca”, disse Münzel. 

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    Além disso, os pesquisadores indicaram que as taxas de mortalidade em excesso foram particularmente elevadas nos países da Europa Oriental, como a Bulgária, a Croácia, a Romênia e a Ucrânia, com mais de 200 mortes por ano para cada 100.000 habitantes.

    Sugestões

    Diante dos resultados, órgãos de saúde europeus já fizeram importantes sugestões para mudar a realidade. Segundo o Daily Mail, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) já tinha sugerido que as novas residências deveriam ser construídas longe das estradas principais para evitar a poluição. Isso por que os veículos rodoviários a diesel são um dos maiores produtores de poluição em países desenvolvidos, como o Reino Unido. Já National Institute for Health and Care Excellence (NICE) recomendou que casas, apartamentos, escolas e hospitais sejam protegidos contra a poluição.

    (Com Reuters)

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