Obesidade aumenta risco de morte por Covid-19 entre adultos jovens
Estudo realizado por pesquisadores brasileiros aponta que o risco cresce significativamente entre pessoas obesas com menos de 40 anos
Um estudo feito por pesquisadores brasileiros publicado na revista científica The Lancet Regional Health, mostra que a obesidade aumenta em até 4,4 vezes o risco de morte em adultos jovens, de 20 a 39 anos, hospitalizados com a forma grave da Covid-19. Em pacientes de 40 a 59 anos e idosos, a influência é menor: o risco de óbito sobe em até 2,7 vezes e em até 1,6 vez, respectivamente.
Quando analisados pacientes obesos com diabetes e doenças cardiovasculares associadas, novamente o perigo aumenta de forma significativa entre os adultos jovens – até 7,4 vezes na comparação com pessoas saudáveis da mesma faixa etária. Em adultos de 40 a 59 anos, chega o crescimento do risco chega até 5 vezes maior e em idosos, até 1,9 vez.
“O estudo aponta uma importante associação entre obesidade e idade no agravamento e no óbito da Covid-19. Isso deve ser levado em conta pelo poder público no momento de definição dos grupos prioritários, nas futuras campanhas de vacinação contra o SARS-CoV-2”, diz Helder Nakaya, pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) e um dos autores do trabalho.
A pesquisa foi realizada por meio de uma análise retrospectiva de dados públicos extraídos do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Influenza (Sivep-Gripe), do Ministério da Saúde. Das 1,1 milhão de cadastrados com a Covid-19 no período anterior ao início da vacinação – 16 de fevereiro de 2020 a 17 de janeiro de 2021 -, foram selecionados 313,8 mil pacientes hospitalizados, com idades entre 20 e 89 anos, com IMC igual ou maior que 25 kg/m2, doenças cardiovasculares e diabetes. Pessoas sem doença crônica ou obesidade que também foram internadas fizeram parte do grupo controle. Os pacientes foram divididos em dois grupos: 164 mil sem fatores de risco (IMC menor que 24,9 kg/m2 e sem comorbidades) e 149 mil pacientes com obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes ou qualquer combinação desses fatores. Pacientes com outras comorbidades, gestantes e puérperas foram excluídos da amostra.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) divulgados em outubro de 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 96 milhões de pessoas no país (60,3%) apresentam IMC acima de 25 kg/m2 e têm, por tanto, excesso de peso.
Além de Nakaya, são autores do estudo os pesquisadores Michelle Giscacciati, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) e da Faculdade de Ciências Biomédicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Sirlei Siani, da Faculdade de Ciências Biomédicas da Unicamp e Ana Campa, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. O trabalho foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).