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O que realmente acontece com adolescentes que fumam cigarro eletrônico?

Segundo estudo feito no Reino Unido e nos EUA, assim como o cigarro tradicional, o "vape" pode fazer com que jovens se tornem tabagistas no futuro

Por Diego Alejandro
Atualizado em 18 Maio 2023, 14h52 - Publicado em 18 Maio 2023, 09h41

Assim como os jovens que fumam os cigarros tradicionais, os fumantes de cigarros eletrônicos também têm um enorme risco maior de prolongar e piorar o hábito para além da adolescência. É o que revelam os resultados combinados de dois estudos nacionalmente representativos do Reino Unido e dos Estados Unidos, publicados na revista Tobacco Control.

Os estudos observacionais incluíram 1.800 adolescentes britânicos e americanos que fumaram cigarros antes dos 15 anos. Mais da metade também usava cigarros eletrônicos. Apesar das diferenças na regulamentação e na comercialização de cigarros eletrônicos entre os dois países, as descobertas sugerem que os “vapes” podem aprofundar os padrões iniciais do tabagismo, ou seja, adolescentes que já começaram a fumar antes dos 15 anos são especialmente vulneráveis ao desenvolvimento de dependência de nicotina. Os pesquisadores também se concentraram em descobrir como o uso concomitante de cigarros eletrônicos e tradicionais poderia moldar futuros padrões de tabagismo neste grupo.

Entre os adolescentes fumantes do Reino Unido, 57% disseram que também usavam cigarro eletrônico, índice semelhante entre os jovens americanos, com 58%. No final da adolescência, essa maioria tinha maior probabilidade de continuar fumando e com mais frequência: mais de seis cigarros por semana ou pelo menos 27 por mês. 

Entre os participantes do Reino Unido, 61% dos usuários de cigarro eletrônico continuavam fumando no final da adolescência, em comparação a 50% dos que não consumiam. Os números equivalentes para os participantes dos EUA foram 42% e 24%. No final da adolescência, fumar com frequência era quase duas vezes mais comum entre os vapers do Reino Unido (37%) do que entre entre os não consumidores dos eletrônicos (23%).

“Essas descobertas são consistentes com a hipótese de entrincheiramento, ou seja, os cigarros eletrônicos entrincheiram os adolescentes que fumam cedo em uso contínuo e mais frequente do que o tabaco”, explicam os pesquisadores. “Outro ponto interessante é que não houve evidências de que o uso de cigarros eletrônicos tenha diminuído o hábito de fumar desses jovens.”

Este é, no entanto, um estudo observacional e, como tal, não pode estabelecer a causa. Além disso, baseou-se na memória pessoal, portanto, pode estar sujeito a imprecisões. Mesmo assim, eles alertam que medidas abrangentes devem ser tomadas para reduzir o acesso dos adolescentes aos cigarros, sejam eles eletrônicos ou tradicionais, para diminuir a probabilidade de entrincheiramento entre os jovens que começam a fumar cedo.

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