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O que a gravidade tem a ver com a síndrome do intestino irritável

Hipótese descreve como os intestinos, a coluna, o coração, os nervos e o cérebro evoluíram para lidar com a força gravitacional

Por Diego Alejandro
Atualizado em 16 dez 2022, 17h13 - Publicado em 16 dez 2022, 16h07

Uma nova teoria sugere que a síndrome do intestino irritável (SII), tipo mais comum de distúrbio gastrointestinal, pode ser causada pela gravidade. Brennan Spiegel, diretor de Pesquisa de Serviços de Saúde no hospital americano Cedars-Sinai e autor da hipótese, explica que a síndrome, e muitas outras condições, resultam da incapacidade do corpo de controlar a gravidade.

“Nossos corpos são afetados pela gravidade desde o momento em que nascemos até o dia em que morremos. É uma força tão fundamental que raramente notamos sua influência constante em nossa saúde”, disse Spiegel, que também é professor de medicina. A hipótese, publicada no American Journal of Gastroenterology, descreve como os intestinos, a coluna, o coração, os nervos e o cérebro evoluíram para lidar com a gravidade. “Se esses sistemas não aguentam ser puxados para baixo, isso pode causar problemas como dor, cólicas, tontura, suor, taquicardia e problemas nas costas – todos os sintomas observados na síndrome.”

O mecanismo subjacente da condição tem intrigado os pesquisadores desde que foi descrito pela primeira vez, há mais de um século. Embora o distúrbio afete até 10% da população mundial, os especialistas ainda não sabem exatamente como ou por que ele se desenvolve. Existem, no entanto, várias teorias contrastantes que explicam suas características clínicas. Uma delas é que a síndrome do intestino irritável é um distúrbio de interação intestino-cérebro: evidências mostram que neuromoduladores e terapias comportamentais são eficazes. Outra teoria sustenta que a síndrome é causada por anormalidades no microbioma intestinal, que podem ser controladas com antibióticos ou dietas de baixa fermentação.

Para Spiegel, uma não anula a outra – na verdade, são um ponto de encontro. A gravidade pode comprimir a coluna e diminuir a flexibilidade. Também pode fazer com que os órgãos se desloquem para baixo, saindo de sua posição correta. O conteúdo abdominal é pesado, como um saco de batatas que estamos destinados a carregar por toda a vida. “O corpo evoluiu para içar essa carga com um conjunto de estruturas de sustentação. Se esses sistemas falharem, os sintomas da síndrome podem ocorrer junto com problemas musculoesqueléticos”, explica Spiegel.

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Algumas pessoas têm corpos mais capazes de carregar a carga do que outras. Por exemplo, alguns têm sistemas de suspensão “elásticos” que fazem com que os intestinos caiam. Outros têm problemas na coluna que fazem com que o diafragma caia ou a barriga se projete, levando a um abdômen comprimido.

Esses fatores podem desencadear problemas de motilidade ou supercrescimento bacteriano no intestino. Isso também pode ajudar a explicar por que a fisioterapia e o exercício são eficazes para a condição, dado que essas intervenções fortalecem os sistemas de suporte. Entretanto, mais pesquisas são necessárias para testar essa abordagem e os possíveis tratamentos.

“Esta hipótese é muito provocativa, mas a melhor coisa é que é testável”, disse Shelly Lu, presidente do Women’s Guild em Gastroenterologia e diretora da Divisão de Doenças Digestivas e Hepáticas do Cedars-Sinai. “Se comprovado, é uma grande mudança de paradigma na maneira como pensamos sobre a síndrome e, possivelmente, sobre o tratamento também.”

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