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O número mágico da pressão sanguínea

Estudo conduzido pelo órgão americano de incentivo a pesquisas médicas decreta 120 x 80 — o popular 12 por 8 — como o índice adequado

Por Adriana Dias Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h28 - Publicado em 18 set 2015, 23h37

120 x 80, ou 12 por 8, como costumamos ouvir dos médicos. É medida dada em milímetros de mercúrio. O primeiro número anuncia a pressão com que o sangue é bombeado do coração para o resto do corpo. O segundo indica a pressão no caminho inverso. Um marca a pressão sistólica; o outro, a diastólica. O 120 x 80 foi anunciado recentemente pelos prestigiosos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) como a taxa ideal, e a partir de agora irrecorrível, da pressão arterial adequada ao bom funcionamento do organismo. É um número mágico, o santo graal tão buscado. Até agora, a maioria dos médicos lidava com uma margem de diferença maior – taxas de até 140 x 90 eram perfeitamente aceitáveis. Não mais. Diz o cardiologista Roberto Kalil, diretor da divisão de cardiologia clínica do Incor e do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo: “A mudança de parâmetro surtirá um impacto brutal na saúde da população”. A manutenção da pressão a 120 x 80, e não a 140 x 90, pode reduzir em 30% a incidência de infartos e derrames e em 25% o risco de morte em razão dessas doenças.

arte pressão sanguínea
arte pressão sanguínea ()

O novo padrão definitivo de normalidade foi alcançado depois de seis anos de avaliações médicas que envolveram um pelotão de 9 300 homens e mulheres com mais de 50 anos nos Estados Unidos e Porto Rico. O estudo dividiu os voluntários em dois grupos, ambos com pressão arterial acima de 140 x 90. Um deles foi tratado com medicamentos, de forma a baixar os índices para 120 x 80 ou menos. O outro deveria reduzi-los para 140 x 90. Em ambos, mediu-se a incidência de problemas associados à hipertensão, como infarto, derrame e doenças renais. As conclusões do levantamento eram aguardadas para 2017. A certeza dos pesquisadores antecipou a divulgação dos principais resultados. “É a maior mudança de paradigma nessa área depois da chegada dos anti-hipertensivos de última geração, há uma década”, diz Marcus Bolívar Malachias, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

As pessoas com mais de 75 anos, faixa de idade de um quarto dos participantes da pesquisa americana, saem com uma boa notícia: poderão manter as taxas como as preconizadas atualmente, em torno de 140 x 90. Quando se reduz drasticamente a pressão, diminui-se também a força no bombeamento de sangue para as coronárias, os vasos que irrigam o coração. Em organismos vigorosos, a queda no aporte sanguíneo não causa problemas. Em corpos naturalmente fragilizados pelo passar dos anos, pode deflagrar uma isquemia, condição na qual o sangue não consegue chegar em quantidades corretas ao coração. Para o restante da população, insista-se, é até 120 x 80.

A recomendação de índices mais reduzidos levará, naturalmente, a uma nova postura no tratamento da hipertensão. Hoje, 30% da população mundial sofre de pressão alta – entre os idosos, a incidência chega a ser de 50%. Com o novo parâmetro, metade da população adulta será classificada como hipertensa. Entre os mais velhos, 70%. Os médicos costumam receitar medicamentos para os doentes cuja pressão arterial é igual ou superior a 150 x 90, além de recomendar o controle alimentar e a prática de exercícios físicos. Para atingir a meta dos atuais 140 x 90, são necessários, em média, de um a dois tipos de remédio anti-hipertensivo. Estima-se que sejam necessários de dois a três medicamentos para chegar ao patamar desejado de 120 x 80.

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A hipertensão configura-se como a dificuldade de o sangue passar pelos vasos do organismo, provocada pelo enrijecimento das paredes arteriais. O mecanismo tem as causas mais diversas, como consumo excessivo de sal, sobrepeso, fatores genéticos e o envelhecimento em si. A pressão alta está na gênese da maioria dos problemas cardiovasculares – cinco em cada dez infartos são atribuídos à doença. Seis em dez derrames também podem ser atribuídos à hipertensão.

Durante muito tempo (e não faz tanto tempo assim), acreditou-se que, quanto mais alta fosse a pressão, mais facilmente o sangue correria pelas artérias endurecidas no processo de envelhecimento. A medicina só começou a investigar a hipertens��o como doença nos anos 50, a partir do momento em que as companhias de seguro dos Estados Unidos notaram que a incidência do distúrbio era alta no rol dos clientes mortos. De lá para cá, a medicina avançou muito nos conhecimentos sobre a doença e nas formas de contro­lá-la e preveni-la. A consagração dos 120 x 80 é um ponto seminal nessa rica história.

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