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Nova droga se mostra promissora contra fogachos da menopausa

Em testes de fase 3, elinzanetant demonstrou potencial para redução de ondas de calor moderadas e graves; ensaio avalia desfecho para insônia

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 16h21 - Publicado em 17 jan 2024, 08h00

Uma nova droga para aplacar um dos principais sintomas da menopausa, as terríveis ondas de calor, demonstrou potencial para ser um futuro tratamento para fogachos moderados a severos. Em ensaios de fase 3, o elinzanetant também se mostrou capaz de reduzir a intensidade dos calores e também auxiliar na qualidade de vida e no sono das pacientes.

O composto experimental, desenvolvido pela Bayer, foi comparado com placebo em dois estudos randomizados e duplo-cegos. Nos ensaios OASIS 1 e 2, participaram 396 e 400 mulheres, respectivamente, que estavam na pós-menopausa e tinham entre 40 e 65 anos. A pesquisa foi realizada em 184 centros de 15 países.

A droga em testes é não hormonal e se apresenta como o primeiro antagonista duplo do receptor da neurocinina-1,3 (NK-1,3), que é responsável pelos sintomas vasomotores (as ondas de calor).

“Sabemos que dados epidemiológicos mostram que mais de 60% das mulheres pós-menopausa têm fogachos e sintomas vasomotores. E esses sintomas são limitados, não duram a vida toda. A média de duração dos fogachos é de cinco a sete anos. Algumas mulheres chegam a ter fogacho por dez anos”, explica Eli Laukryc, vice-presidente médico da divisão farmacêutica da Bayer no Brasil e na América Latina. “Então, durante esses cinco anos, que é a média de tempo que a mulher tem sintomas vasomotores, ela precisa usar o tratamento para reduzir e eliminar os sintomas na pós-menopausa”, completa.

Corrida para tratar a menopausa

Tratamentos para os sintomas da menopausa ainda são um gargalo, mas a ciência entende esse quadro como uma urgência a ser resolvida. Isso porque a menopausa não significa apenas o fim da menstruação, constatado pelos doze meses que se seguem à interrupção sem novos sangramentos. O organismo feminino passa pela queda do hormônio estrogênio, fundamental para a saúde cardiovascular, pois o declínio leva ao enrijecimento das artérias e a consequente elevação dos níveis de colesterol e da pressão arterial.

É nessa fase também que o acúmulo da gordura abdominal se acentua, abrindo portas para casos de diabetes. As pacientes passam a sofrer também com o enfraquecimento dos ossos, queda da libido e insônia.

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Em maio do ano passado, foi celebrada a aprovação pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana, um medicamento inédito com foco nas ondas de calor: o fezolinetant (Veozah). Ele inibe uma substância química no cérebro que atua na regulação da temperatura corporal e é uma alternativa para pessoas que não podem ou não querem fazer a terapia hormonal — como aquelas com histórico de doenças cardiovasculares e tumores.

“Com o aumento da expectativa de vida das mulheres, o número de mulheres na menopausa também está aumentando. Estima-se que, em 2025, um bilhão de mulheres, ou 12% da população mundial, estará na menopausa. Com seu papel ativo na sociedade, a mulher não pode ficar sofrendo com os sintomas menopausais. Daí a necessidade de buscar novas alternativas”, diz Laukryc.

arte menopausa
(./.)

Luta contra a insônia

Ao entrar na menopausa, as mulheres também passam a lutar contra a insônia e há um entendimento da medicina de que o tratamento para os sintomas do climatério também devem contemplar esse problema.

A droga em desenvolvimento pela Bayer, por exemplo, está em fase 2 de testes para o distúrbio do sono. Esse tipo de alteração aparece em 40% a 60% das mulheres e gera uma cascata de efeitos negativos. Ao ter o sono impactado, as pacientes sofrem impactos no metabolismo, podem ganhar peso e desenvolver problemas de saúde mental, como depressão. Nesta etapa, os testes vão compreender a análise de 78 voluntárias de oito países.

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“Há essa expectativa muito forte de também trabalhar com distúrbios do sono, que tem uma frequência muito grande na menopausa. Trata-se de uma necessidade de tratamento e estamos vendo resultados e possibilidades promissoras e favoráveis.”

Sobre a possível aprovação da droga, a submissão deve ocorrer primeiro para o tratamento dos fogachos, mas ainda depende da consolidação de dados. Para a solicitação à agência americana, a farmacêutica aguarda resultados de um estudo, a ser divulgado ainda no primeiro trimestre deste ano, com informações de segmento por 52 semanas.

“Seguindo as fases 1, 2 e 3 dos estudos clínicos, o elinzanetant fica pronto para submissão regulatória em cada país, considerando a dinâmica de cada região, seja FDA nos Estados Unidos, EMA na Europa e a Anvisa no Brasil”, finaliza Laukryc.

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