É possível aumentar a eficácia de uma vacina mudando alguns de nossos comportamentos ou hábitos? Essa é a pergunta feita por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Chicago e do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm). Estudos anteriores mostraram que a resposta imune a uma vacina pode depender de vários fatores, incluindo sexo, idade, peso ou tabagismo. Agora, os pesquisadores estão adicionando o sono a esta lista.
Os cientistas descobriram que as pessoas que dormiam menos de seis horas por noite nos dias que antecederam a vacinação tiveram uma resposta de anticorpos atenuada à vacina. Por outro lado, as pessoas que dormiram o suficiente (sete a nove horas por noite) tiveram uma melhor resposta imunológica, beneficiando-se mais da eficácia de uma vacina.
“O sono insuficiente é um fator comportamental que pode ser corrigido antes da vacinação e pode não apenas fortalecer, mas também estender a resposta à vacina”, disse a autora sênior da pesquisa, Eve Van Cauter, professora emérita de medicina da UChicago, citada em um comunicado de imprensa. As descobertas, publicadas na revista Current Biology, foram baseadas em uma metanálise de estudos anteriores sobre o assunto.
Os pesquisadores americanos e franceses também compararam as respostas dos anticorpos de acordo com a idade e o sexo dos vacinados. Eles descobriram que a associação entre sono insuficiente e diminuição da resposta imune era forte para os homens, mas “não era estatisticamente significativa” para as mulheres.
Essa diferença, a equipe sugere, provavelmente se deve ao fato de que “nenhum dos estudos em mulheres levou em consideração as variações nos níveis de hormônios sexuais por ciclo menstrual, uso de contraceptivos e status da menopausa”, explica o comunicado.
Além disso, o impacto imunológico do sono inadequado foi maior em adultos de 18 a 60 anos do que naqueles com mais de 65 anos. Isso é explicado, segundo o trabalho, pois os idosos tendem a dormir menos em geral, o que não afeta sua rotina.
Os pesquisadores esperam que seu estudo sirva de base para novas pesquisas sobre o fenômeno, com o objetivo de fornecer maior clareza sobre seus efeitos em homens e mulheres. “Estudos de grande escala que consideram características comportamentais, demográficas e hormonais devem fornecer novos insights que se traduzirão em impactos mensuráveis na eficácia da vacina”, disse Karine Spiegel, primeira autora do estudo e pesquisadora do Inserm.