De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira, 5,7 milhões de brasileiros vivem nos 77 municípios que correm risco de surto de dengue. Os dados integram o Levantamento Rápido do Índice por Aedes aegypti (LIRAa), uma pesquisa que analisou a infestação do mosquito nos imóveis de 1.239 cidades de todo o país – dos municípios pesquisados, 375 estão em situação de alerta e 787 em situação satisfatória.
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DENGUE
É a doença endêmica mais disseminada no Brasil, presente em todos os estados. Causa febre aguda e pode matar. Em alguns casos, os sintomas podem não aparecer. Quando se manifestam, o paciente sente dores de cabeça, febre e dores no corpo. A doença é transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve preferencialmente em ambientes onde há focos de acúmulo de água parada. O mosquito transmite o vírus do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviriade. Possui quatro tipos conhecidos: 1, 2, 3 e 4.
O Ministério classifica um município como em situação de risco quando mais do que 3,9% dos imóveis pesquisados apresentam larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Quando esse índice fica entre 1% e 3,8%, considera-se a cidade como em estado de alerta e, quando a incidência é menor do que 1%, a região está em situação satisfatória.
Jundiaí foi o único município do estado de São Paulo classificado como em situação de risco. Cidades como Guarujá, Bauru e Presidente Prudente estão entre as regiões paulistas que se encontram em estado de alerta. A capital paulista foi classificada com índice de infestação satisfatório. No estado do Rio de Janeiro, nenhum município foi classificado como em situação de risco, mas a capital se encontra em estado de alerta.
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O levantamento ainda mostrou que os principais focos de criação do mosquito da dengue variam de acordo com cada região do país. No Nordeste, por exemplo, 73,6% das larvas de Aedes aegypti se concentram em reservatórios de água. No Sudeste, por outro lado, o principal foco são os depósitos domiciliares (59,2%) e, na região Sul, no lixo (46,5%). As regiões Centro-Oeste e Norte têm uma distribuição mais homogênea entre esses três criadouros.
Epidemia – De acordo com os dados apresentados pelo Ministério da Saúde, o número de casos de dengue registrados entre janeiro e início de novembro de 2012 caiu 22% em relação ao mesmo período do ano anterior. Neste ano, foram 565.510 casos da doença contra 727.803 em 2011. A maior redução foi observada no Amazonas (93%).
Por outro lado, houve um aumento de casos de dengue nos estados de Roraima (56%), Tocantins (17%), Piauí (20%), Rio Grande do Norte (19%), Pernambuco (75%), Rio de Janeiro (11%), Sergipe (34%) e Bahia (30%). As maiores elevações ocorreram em Alagoas (239%) e no Mato Grosso (479%).
Casos graves – Segundo o levantamento, os casos graves diminuíram de 2011 para 2012. Entre janeiro e novembro desse ano, foram 3.774 casos graves da doença contra 10.507 no mesmo período do ano anterior – uma queda de 64%. A maior redução foi observada no estado do Amazonas (96%), seguido por Acre (94%), Roraima (94%) Paraná, (93%), São Paulo (83%), Espírito Santo (78%) e Rio de Janeiro (76%). Houve aumento do número de casos graves de dengue em estados da região Centro-Oeste. Só no Mato Grosso, o aumento foi de 291% – passando de 46 para 180 casos graves.
Mortalidade – A quantidade de mortes por dengue registradas em 2012, de 247 óbitos, teve uma redução de 49% em comparação a 2011, quanto 481 pessoas morreram em decorrência da doença. A cidade que registrou o maior número de óbitos foi o Rio de Janeiro, mas foi o Nordeste a região brasileira que concentrou a maior quantidade de óbitos. Amapá, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal não tiveram nenhuma morte por dengue neste ano.
“Os dados mostram que nós estamos no caminho certo. Conseguimos um cenário de redução de casos e óbitos com uma estratégia de enfrentamento da dengue: não apenas ir atrás do mosquito, mas ainda uma melhoria da assistência básica, capacitação dos profissionais, aprimoramento das ações e informatização dos dados de vigilância epidemiológica”, diz o ministro da saúde Alexandre Padilha.
Os dados foram divulgados junto com o lançamento da nova Campanha Nacional de Combate à Dengue, cujo slogan é “Dengue é fácil combater, só não pode esquecer”. O foco das ações realizadas até o final de dezembro é mobilizar a população a praticar medidas simples de prevenção contra o Aedes aegypti. A partir de janeiro, o Ministério quer incentivar a população a reconhecer os sinais e sintomas da doença e quais as principais medidas que devem ser adotadas pela população, em caso de suspeita.
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