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Maioria se preocupa com desperdício, mas perdas continuam alarmantes

98% dos inquiridos afirmaram que estavam a tentar minimizar o desperdício alimentar

Por Diego Alejandro
29 set 2023, 18h41

O dia 29 de setembro foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional de Conscientização sobre Perda e Desperdício de Alimentos. Essa parece ser uma preocupação global. De acordo com um levantamento realizado pela Kerry, 98% dos entrevistados estão tentando ativamente diminuir esse tipo de descarte, um desejo motivado por preocupações financeiras e por consciência ambiental e social. 

Esse esforço pode representar uma oportunidade de mercado. 69% dos consumidores se mostraram inclinados a comprar produtos formulados para evitar o desperdício e 72% disseram acreditar que prazos de validade mais extensos possam ajudar a diminuir as perdas. A disposição, no entanto, não é incondicional e encontra sua principal barreira na qualidade dos aditivos alimentares. 74% dos entrevistados afirmaram se preocuparem com o tipo de conservante utilizados nas formulações: enquanto 82% estão dispostos a aceitar componentes naturais que prolonguem a duração, apenas metade aceitaria as soluções artificiais. 

A pesquisa foi realizada em parceria com a C+R Research, Qualtrics e Wageningen University & Research (WUR) e contou com a participação 5.154 consumidores de dez países diferentes, inclusive do Brasil. Por aqui, curiosamente, a maioria se mostrou disposta a arriscar a saúde em nome da consciência: alarmantes 76% disseram evitar o desperdício mesmo quando a data de validade do alimento expirou. Além disso, a população também foi a mais preocupada com o uso de conservantes. 86% disseram acreditar que o consumo desses aditivos possa ter um efeito negativo sobre a saúde e demonstraram estar dispostos a retirar esses elementos alimentares, mesmo que isso signifique uma vida útil menor. 

Há, no entanto, um paradoxo: mesmo com toda a aparente conscientização, dados da FAO apontam que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos anualmente em todo mundo. Só no Brasil, de acordo com dados do IBGE, cerca de 30% da produção acaba sendo jogada fora, o equivalente a 46 milhões de toneladas por ano.

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Culpa de quem?

Para Renetta Cooper, diretora de desenvolvimento de negócios da Kerry, a confusão do consumidor é a culpada pelo desperdício de muitos alimentos perfeitamente bons e seguros, já que eles são cautelosos para evitar riscos à segurança alimentar. 

Uma pesquisa da Nestlé, em parceria com a MindMiners, empresa de tecnologia especializada em pesquisa digital, afirma que, para 75% dos entrevistados, o responsável pela redução do desperdício deveria ser a população. As indústrias de alimentos e os comércios que vendem esses produtos vem em seguida, com 44% e 43% das respostas, respectivamente. A visão se mantém entre proprietários ou funcionários de empresas do ramo alimentício –  entre eles a população lidera a lista, com 66% das respostas.

Quase todo desperdício de alimentos no Brasil, contudo, acontece antes da comida chegar à mesa. A maior parcela se perde no manuseio e transporte (50%), seguido pelas centrais de abastecimento (30%) e, por mim, campo, varejo e residências, empatados com 10%, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

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Como reduzir?

Uma parte significativa do desperdício alimentar ocorre durante a fase de produção, mas os consumidores podem desempenhar um papel na resolução deste problema. Uma estratégia eficaz é dar prioridade aos alimentos produzidos localmente sempre que possível, uma vez que estes sofrem menos as perdas do transporte e da degradação.

Outro método para reduzir o desperdício alimentar é explorar plantas comestíveis não convencionais, conhecidas como Pancs (Plantas alimentícias não-convencionais). Estas plantas oferecem uma alternativa às monoculturas e muitas vezes crescem naturalmente nas proximidades das casas. Elas podem ser colhidas na hora do uso, ou pouco tempo antes, evitando também perdas de transporte a longa distância e degradação pelo armazenamento.

Conectar-se com produtores de alimentos próximos e formar grupos de consumidores com seus vizinhos é outro caminho a explorar. A compra colectiva não só torna os alimentos mais acessíveis, mas também permite que os produtores alinhem a sua produção com a procura.

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Alternativamente, você pode causar um impacto positivo compostando seus resíduos orgânicos. Em vez de acabar como “lixo” em aterros, transforma-se em húmus, um valioso corretivo do solo. Você pode até considerar iniciar um projeto de jardinagem comunitária com seus vizinhos, utilizando espaços compartilhados para empreendimentos de plantio local.

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