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Maior estudo sobre riscos da cloroquina é tirado do ar

A pesquisa publicada no The Lancet mostrava aumento no risco de morte pelo uso do medicamento; autores dizem que não podem garantir a veracidade dos dados

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2020, 18h43 - Publicado em 4 jun 2020, 18h33

Nesta quinta-feira, 4, o periódico científico The Lancet tirou do ar o maior estudo já publicado sobre os riscos da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. A decisão aconteceu a pedido dos autores, sob a justificativa de que eles não podem mais “garantir a veracidade das fontes de dados primárias”.

O estudo, publicado no final de maio, trazia uma análise extensa, totalizando 96.032 pacientes internados por Covid-19 em seis continentes. Alguns foram tratados com cloroquina ou sua versão menos tóxica, a hidroxicloroquina e outros foram usados como grupo controle, pois não receberam nenhum desses medicamentos.

Os resultados mostraram que o uso desses medicamentos no tratamento da Covid-19 não só não traz benefícios como aumenta o risco de morte por arritmia cardíaca. O trabalho foi utilizado como base para a Organização Mundial da Saúde (OMS) suspender temporariamente os estudos com  cloroquina e a hidroxicloroquina.

No entanto, desde sua publicação, os dados utilizados no trabalho vinham sendo questionados por especialistas do mundo todo. Acontece que os autores não fizeram os ensaios clínicos. Em vez disso, eles utilizaram dados fornecidos pela empresa Surgisphere. Curiosamente, a empresa pertence a Sapan Desai, um dos quatro co-autores do estudo.

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Após a polêmica inicial, os outros três co-autores, incluindo o Mandeep R. Mehra, professor da Escola Médica da Harvard iniciaram uma investigação independente para averiguar a confiabilidade dos dados fornecidos pela empresa para o estudo e concluíram que houve problema. “Lançamos uma revisão independente por pares do Surgisphere com o consentimento de Sapan Desai para avaliar a origem dos elementos do banco de dados, confirmar a integridade do banco de dados e replicar as análises apresentadas no artigo.”, disseram em declaração conjunta.

Na terça-feira, a revista científica The Lancet já havia publicado uma nota na qual manifestam preocupação com o estudo.  “Importantes questões científicas foram levantadas sobre dados relatados no artigo de Mandeep Mehra et al. — Hidroxicloroquina ou cloroquina com ou sem um macrolídeo para tratamento de COVID-19: uma análise de registro multinacional — publicado na The Lancet em 22 de maio de 2020. Embora uma auditoria independente da proveniência e da validade dos dados tenha sido encomendada pelos autores não afiliados ao Surgisphere e esteja em andamento, com os resultados esperados muito em breve, estamos emitindo uma manifestação de preocupação para alertar os leitores para o fato de que sérias questões científicas foram trazidas à nosso atenção. Atualizaremos este aviso assim que tivermos outras informações.”,, escreveram os editores da revista.

A nota é um recurso utilizado quando há dúvidas sobre um artigo publicado, mas ainda não há evidências suficientes para uma retratação ou outra medida a tomar. A conclusão veio nesta quinta-feira e o estudo foi excluído.

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Na quarta-feira, 4, a OMS anunciou a retomada dos estudos clínicos com cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 após seus especialistas concluírem que o uso do medicamento é seguro. Por outro lado, no mesmo dia, um rigoroso estudo publicado no The New England Journal of Medicine, concluiu que o uso de hidroxicloroquina não foi capaz de prevenir a infecção por coronavírus em pessoas expostas a pacientes doentes. Embora não seja eficaz como medida de prevenção, os autores não identificaram efeitos adversos graves ou problemas com o ritmo cardíaco dos participantes.

 

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