Na quarta-feira, 5, o Ministério da Saúde anunciou que as crianças de 5 a 11 anos foram incluídas no Plano Nacional de Operacionalização contra Covid-19 e começarão a ser vacinadas ainda este mês janeiro. A população pediátrica é estimada em quase 20 milhões, por isso serão necessárias 40 milhões de doses para fazer a imunização completa das crianças. Mas o número de doses previstas para chegar inicialmente, em três lotes a partir de 13 de janeiro, é de apenas 3,74 milhões.
A exigência de prescrição médica não foi apresentada, mas foi recomendado que os pais que procurem um pediatra antes da vacinação. A pasta afirmou ainda que o intervalo entre doses será de oito semanas – e não de três. “É a única coisa certa que fizeram porque é realmente mais seguro e uma possibilidade menor de reação. Com um intervalo maior entre as doses, o resultado final é melhor em produção de anticorpos, segurança e duração de proteção. Um fenômeno esperado para praticamente todas as vacinas”, disse o médico infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) a VEJA.
Sobre o número de doses, Kfouri lamenta o fato de não haver vacina suficiente até o final de fevereiro. “Como só teremos 20 milhões de doses, é melhor aplicá-las como primeira dose do que completar o esquema vacinal em 10 milhões de crianças”, afirmou.
O médico, no entanto, criticou a postura do governo na comunicação do início da imunização infantil. “Ao meu ver o mais lamentável é lançar uma campanha de vacinação pedindo desculpa. Estavam quase pedindo para não vacinarem, deixando evidente que estavam colocando essas vacinas tão importantes à disposição de maneira contrariada e acuados pela pressão que a sociedade civil fez como um todo”, disse.
“Não disseram uma palavra de incentivo à vacinação, quando deveria ser uma festa, um lançamento, uma convocação, uma conclamação da população para se vacinar. Um papelão.”
Renato Kfouri foi um dos três médicos que defenderam a vacinação de crianças na audiência pública organizada pelo Ministério da Saúde na última terça-feira, 4, e a ter seus documentos com dados pessoais vazados nas redes sociais de grupos contrários à vacinação.
Esses documentos estavam em poder da pasta. A médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Iminizações, e Marco Aurélio Sáfadi, da Sociedade Brasileira de Pediatria também tiveram suas declarações de conflitos de interesses divulgadas na íntegra na internet juntamente com seus números de CPF e telefone celular, além de e-mails.