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Kim Kardashian fala sobre como é viver com psoríase. Entenda a doença

A socialite Kim Kardashian escreveu um depoimento sincerão sobre como é viver com a doença que atinge aproximadamente 3% da população mundial

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 set 2019, 15h13 - Publicado em 25 set 2019, 15h07
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  • Talvez você não saiba, mas a socialite americana Kim Kardashian sofre de uma doença autoimune chamada psoríase. A empresária já abordou o assunto diversas vezes em suas redes sociais. Desta vez, ela escreveu um dos depoimentos mais sinceros sobre como é conviver com o problema.

    No texto, publicado na última quinta-feira (19) no site de lifestyle Poosh, de sua irmã Kourtney Kardashian, Kim expôs os desafios de lidar com uma doença autoimune, mesmo tendo acompanhado a jornada de sua mãe, que também tem psoríase. Leia trechos do depoimento abaixo e clique aqui para ler o texto completo (em inglês).

    “[…]Embora eu tenha crescido com a minha mãe tendo psoríase e ouvindo ela falar sobre sua luta, eu realmente não tinha ideia de como seria minha vida lidando com uma doença autoimune. Faz 13 anos desde que tive meu primeiro surto de psoríase. […] Eu sou a única filha que minha mãe passou seu problema auto-imune. Sorte minha, risos. Quando eu tinha 25 anos, eu tive meu primeiro surto. Eu tive um resfriado e como a psoríase é uma condição autoimune, isso desencadeou. Estava por toda parte no meu estômago e pernas. Felizmente, meu vizinho na época era um dermatologista. Eu mostrei a ele e ele pediu que eu fosse até o seu consultório e ele me daria uma injeção de cortisona e, esperançosamente, aquilo desaparecia (já que era meu primeiro surto). Eu fiz isso e minha psoríase desapareceu completamente por uns cinco anos.

    Entretanto, voltou no início dos meus 30 anos. […] Foi quando a minha verdadeira jornada com a psoríase começou. Nos últimos oito anos, embora as manchas sejam imprevisíveis, sempre posso contar com minha mancha principal, na parte inferior da perna direita, que sempre fica inchada. Aprendi a viver com essa mancha sem usar cremes ou medicamentos – eu apenas encaro. Às vezes eu escondo e outras não. Isso realmente não me incomoda.

    As duas vezes em que engravidei, desapareceu completamente. Aquilo foi incrível, mas voltou. No início deste ano, foi quando ficou extremamente ruim […]. Uma noite eu acordei para ir ao banheiro e não conseguia pegar meu celular. […] Conforme o dia passou, eu consegui movimentar mais as minhas mãos, mas elas doíam muito – eu sentia a dor nos meus ossos. […] Fui ao médico porque pensei que poderia ser artrite reumatoide. Eu sabia que sentia dor nos meus ossos e depois que eu procurei no Google as possibilidades, eu estava mais do que assustada.  

    […] Eu tinha artrite psoríaca. Ainda é doloroso e assustador, mas fiquei feliz por ter um diagnóstico. Independentemente da condição autoimune que eu tivesse, eu iria superar, e todos eles são administráveis ​​com o devido cuidado. […]

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    Fiquei extremamente confortável com minha psoríase. Não importa onde esteja no meu corpo, às vezes eu estou bem em exibi-lo e outras vezes não quero que isso seja uma distração, então eu cubro com maquiagem corporal. Se você tem psoríase, não pode deixá-lo arruinar sua vida ou tirar o melhor de você. […]  Com todo o estresse da vida, tento garantir um tempo para mim mesma, para que eu esteja centrada e mantenha meu estresse no mínimo. Espero que minha história possa ajudar qualquer pessoa com uma doença autoimune a se sentir confiante de que há luz no fim do túnel.”

    Abaixo, entenda um pouco mais sobre a doença que atinge mais de 3 milhões de brasileiros.

    O que é psoríase

    A psoríase é uma doença crônica, inflamatória e autoimune, na qual as próprias células de defesa atacam a pele. É caracterizada por lesões na pele que descamam e causam grande incômodo físico e psicológico, afetando a autoestima e a confiança dos pacientes. As lesões se concentram principalmente nos cotovelos, joelhos e no couro cabeludo.

    A enfermidade atinge igualmente homens e mulheres, e costuma surgir entre 20 e 40 anos de idade. Ela é causada por uma desregulação de mediadores chamados interleucinas, que causam um aumento localizado na produção de pele. Entretanto, ainda não se sabe exatamente o que causa essa desregulação. Sabe-se que a doença tem um forte componente genético e alguns fatores externos como infecções, anti-inflamatórios, obesidade, frios, stress e consumo de cigarro e álcool, desempenham um papel importante em seu surgimento.

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    De acordo com o dermatologista Gustavo Saczk, mesmo não sendo transmissível, a psoríase ainda é cercada de muito preconceito. Os pacientes frequentemente se isolam por vergonha da aparência dos ferimentos. Segundo o estudo publicado no periódico científico Journal of Dermatological Treatment, quase 70% dos pacientes são acometidos por patologias psicológicas, como ansiedade (39,7%) e depressão (27,1%).

    Em casos mais graves, a doença pode se espalhar por todo o corpo e afetar as articulações, desencadeando uma artrite psoríásica, como aconteceu com Kim Kardashian. O problema acontece quando as células que atacam a pele passam a agredir também as juntas, causando dores e limitação de movimento.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito em consultório, a partir da avaliação das lesões do paciente. Se necessário, é possível confirmar com uma biópsia. É extremamente importante que, ao se desconfiar de ter psoríase, consultar um dermatologista. Este é o profissional mais indicado para fazer o diagnóstico desta doença.

    Tratamento

    A psoríase não tem cura, mas pode ser tratada de forma eficaz. O tratamento serve para a controlar os sintomas da doença, reduzindo as chances das lesões aparecerem e varia de acordo com a gravidade da doença.  Geralmente, ele é iniciado com a aplicação de cremes sobre as lesões. Caso isso não resolva, existe a fototerapia, medicações orais e até imunobiológicos. O importante é consultar o dermatologista o quanto antes para iniciar o tratamento mais indicado.

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    Desde o dia 17 de setembro, pacientes com psoríase moderada à grave passam a contar com quatro medicamentos imunobiológicos para o tratamento da doença no Sistema Único de Saúde (SUS).  Essas tecnologias são alternativas para casos mais graves da doença e podem ser usadas quando o paciente não responde bem ou possui contraindicação aos tratamentos tradicionais.

    Esses medicamentos são injetados na pele e podem deixar a pessoa sem nenhuma lesão. Antes da incorporação no SUS, o principal obstáculo para esse tipo de tratamento era o acesso, já que eles chegam a custa mais de 100.000 reais por ano. “Um novo horizonte se abre para esses pacientes a partir deste ano no Brasil”, afirma Saczk.

    Os imunobiológicos atuam como “mísseis teleguiados” que agem diretamente na cascata inflamatória que causa as lesões e outros sintomas da doença. Os novos tratamentos disponíveis são: adalimumabe, indicado para a primeira etapa do tratamento após falha da terapia padrão para psoríase; secuquinumabe e ustequinumabe, indicados na segunda etapa do tratamento após falha da primeira; e etanercepte, indicado na primeira etapa de tratamento da psoríase após falha da terapia padrão em crianças.

    Preconceito

    Infelizmente, pacientes com psoríase sofrem muito preconceito, pois muitas pessoas acham que é algo transmissível quando veem as lesões. Além disso, por ser uma doença caracterizada por lesões avermelhadas e descamativas, os próprios pacientes tendem  a se isolar devido à aparência dos ferimentos.

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    “Uma ótima forma de diminuir esse preconceito é a exposição da doença na mídia por famosos, como a Kim Kardashian, mostrando que qualquer pessoa pode desenvolver a doença. É muito importante falarmos sobre a psoríase e reforçar para que as pessoas não tenham receio de ficarem próximas ou encostar em alguém que tenha a doença. Isso gera um isolamento social e afetivo muito grande no portador, o que compromete a qualidade de vida.”, ressalta o dermatologista.

    O tratamento adequado é a única forma de minimizar os efeitos negativos da doença na vida dos pacientes: as lesões representam um grande incômodo para os pacientes pois podem tomar conta de órgãos visíveis, como braços, pernas, tronco e couro cabeludo.

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