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Jejum intermitente aumenta risco de morte por doença cardiovascular

Estudo americano conclui que a dieta polêmica não traz benefícios à longevidade; jejum pode ser ainda mais prejudicial a pacientes oncológicos

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 12h07 - Publicado em 25 mar 2024, 16h00
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  • Restringir a alimentação a uma janela de apenas oito horas diárias e jejuar as 16 horas restantes, estratégia chamada de jejum intermitente, pode resultar em um risco 91% maior de morte por doença cardiovascular, de acordo com um novo estudo da Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês). 

    Os pesquisadores também relataram que aqueles com doença cardiovascular preexistente que consumiam todas as suas calorias entre uma janela de oito a dez horas tinham um risco 66% maior de morrer de doença cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC). Além disso, foi constatado que, entre os pacientes com câncer, aqueles que não praticavam jejum e consumiam suas calorias diárias ao longo de uma janela de 16 horas tinham um risco menor de mortalidade por câncer do que aqueles que comiam em um período de tempo mais restrito.

    O jejum intermitente, há algum tempo, tornou-se uma maneira popular de ajudar a perder peso, melhorar o colesterol, aumentar o metabolismo e, supostamente, reduzir o risco de certas doenças crônicas. O estudo afirma que a maioria dos ensaios clínicos randomizados de curto prazo descobriu que a dieta, de fato, melhora certas medidas de risco cardiometabólico. Porém, os efeitos a longo prazo não são conhecidos. Assim, com os resultados obtidos, o objetivo dos autores é incentivar uma abordagem mais cautelosa e personalizada para recomendações dietéticas, garantindo que estejam alinhadas com o estado de saúde individual e as evidências científicas mais recentes.

    Coleta de dados e limitações do estudo

    A pesquisa, que afirmou não ter encontrado benefícios do jejum intermitente para a longevidade, analisou um grupo de 20.000 adultos que responderam a perguntas sobre seus padrões alimentares para as pesquisas anuais realizadas pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos entre 2003 e 2018. Todas essas descobertas foram feitas em comparação com pessoas que comeram entre doze e dezesseis horas por dia.

    Porém, os cientistas ressaltam que o estudo foi observacional, ou seja, realizado a partir de análise de dados. Então, é difícil tirar conclusões definitivas. Além disso, ele não permite a análise de um possível terceiro fator que pudesse estar relacionado a essas mortes, uma vez que os estudos observacionais, por sua própria natureza, não podem provar causa e efeito. Contudo, o que é certo é que as descobertas se somam ao crescente corpo de pesquisas sobre os prós e contras do jejum intermitente. 

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    Impactos de uma ‘dieta extrema’ na saúde

    O aumento do risco constatado pela entidade pode ser devido a potenciais desregulações metabólicas, incluindo resistência à insulina, níveis elevados de açúcar no sangue e aumento da inflamação — todos os quais são fatores de risco para doenças cardiovasculares.

    Isto porque, segundo os cientistas, seguir um “padrão alimentar extremo” pode levar a deficiências ou desequilíbrios nutricionais. Por exemplo, restringir a ingestão de alimentos a uma janela de oito horas pode levar ao consumo excessivo durante o período de alimentação. O jejum prolongado pode desencadear ainda respostas de estresse no corpo, o que pode elevar o cortisol e impactar a saúde cardiovascular.

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