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Injeção mensal para HIV pode substituir pilulas diárias

Segundo pesquisadores, o novo método injetável é tão eficiente quanto o tratamento diário e pode melhorar a adesão ao tratamento

Por Redação
Atualizado em 8 mar 2019, 18h34 - Publicado em 8 mar 2019, 18h27

Atualmente, o principal tratamento para o HIV são os antirretrovirais em formato de pílula, que devem ser tomados diariamente. No entanto, essa realidade pode mudar em breve. Pesquisadores anunciaram esta semana a eficiência de um novo método para tratar a infecção: injeções mensais. A ViiV Healthcare, farmacêutica que financiou as pesquisas, destacou que essas injeções facilitam o tratamento – especialmente para pacientes que têm dificuldade em lembrar de tomar a medicação todos os dias.

Outro benefício do novo esquema é dar mais privacidade ao portador de HIV: como as doses devem ser aplicadas por médicos e enfermeiros (em clínicas habilitadas), o paciente pode evitar o estigma ao descartar o preenchimento de fichas ou apresentação de receitas para comprar os medicamentos na farmácia. “Algumas pessoas ficarão emocionadas com a conveniência”, disse Mitchell Warren, da AVAC (organização voltada para AIDS), à revista Time

Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento contra a doença tem como objetivo manter os níveis de HIV baixos o suficiente para diminuir as complicações relacionadas às infecções pelo vírus, melhorar a qualidade de vida do paciente, reduzir a mortalidade e a transmissão da doença, principalmente para pacientes que têm vida sexual ativa. A injeção trabalha sob o mesmo aspecto, mas os pesquisadores salientaram que não é possível afirmar que o novo método também serve como forma de proteção para parceiros sexuais. 

Apesar disso, a ViiV Healthcare espera receber ainda este ano a aprovação dos órgãos responsáveis por regular medicamentos nos Estados Unidos e na Europa.

Os estudos

A nova injeção para tratamento do HIV é uma combinação de dois medicamentos: a rilpivirina (nome comercial Edurant) e o cabotegravir, uma substância experimental criada pela empresa que financiou os testes clínicos. Para testar a eficiência do novo mecanismo, os pesquisadores realizaram dois estudos distintos envolvendo pacientes da América do Norte, Europa, Argentina, Austrália, Rússia, África do Sul, Coréia do Sul, Suécia, Japão e México. 

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O primeiro experimento incluiu 616 participantes que já tomavam a pílula para tratar a infecção. Já no segundo, com 566 pessoas, os pacientes ainda não haviam iniciado o tratamento e foram orientados a fazê-lo (com as pílulas) até que o vírus estivesse sob controle. Em ambos os estudos, os pacientes foram divididos em dois grupos: um grupo trocou o tratamento tradicional para a injeção e o outro permaneceu com as medicação tradicional. Após quase um ano de acompanhamento, 1% a 2% dos participantes em ambos os estudos mostraram vestígios do vírus no sangue, independente do método de tratamento.

Para a equipe, isso mostra que a injeção é tão eficiente quanto as pílulas para controlar os efeitos do vírus no organismo. No entanto, eles ressaltaram que alguns participantes desistiram de prosseguir com o estudo por causa de um efeito colateral: a dor pós-injeção.

Críticas ao novo método

A principal preocupação sobre o novo método é o custo do tratamento, que pode ser extremamente alto. Nos Estados Unidos, por exemplo, a terapia tradicional pode custar milhares de dólares por mês aos pacientes que necessitam da medicação. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) distribui gratuitamente para a população infectada, mas não é possível afirmar que, uma vez aprovada a injeção no Brasil, ela seria disponibilizada na rede pública, especialmente se o custo for mais elevado do que a versão atualmente disponível.

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Outro problema é o esquecimento: assim como há pacientes que esquecem de tomar a dose diária, pode haver aqueles que deixarão de tomar a dose injetável. Isso poderia permitir que as cepas do vírus HIV se tornem resistentes a injeção, comprometendo a eficiência da injeção no futuro.

Ainda há a questão de que não foi comprovado a eficácia do novo método em inibir a transmissão, o que traz preocupação aos pacientes que não desejam infectar os parceiros. Por causa disso, especialista salientam que o uso da camisinha ainda é o método com maior disponibilidade e menor custo quando se trata de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST).

O HIV (vírus da imunodeficiência humana) é o vírus responsável pela AIDS, doença que ataca o sistema imunológico, debilitando o esquema de defesa do corpo e deixando brecha para que outras doenças se instalem no organismo da pessoa infectada. Apesar de ser causador da AIDS, nem todos os infectados desenvolvem a doença. Os soropositivos podem passar anos sem apresentar sintomas ou desenvolver a doença, no entanto, eles são um vetor e, portanto, pode transmitir o vírus para outras pessoas.

De acordo com o Ministério da Saúde, as formas de transmissão do HIV são: sexo vaginal, anal e oral sem camisinha, compartilhamento de seringas, transfusão de sangue contaminado, durante a gravidez (da mãe infectada para o bebê) e instrumentos cortantes não esterilizados. Como não há cura para a doença, a prevenção ainda é o método mais eficaz de evitar o HIV. Portanto, use camisinha sempre.

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