Hollywood limita cenas com cigarros nos filmes
No ano passado foram 1.935 "incidentes", contra 3.967 em 2005
Remember Me, classificado para 13 anos, foi apontado como o grande exemplo de filme voltado para a juventude que mostra o herói fumando
Os números estão aí: Hollywood realmente está apagando a fumaça em seus filmes. Os Centros de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) dos Estados Unidos divulgou na quinta-feira um relatório que mostra que cenas de tabagismo em filmes de grande bilheteria caíram para 1.935 “incidentes” no ano passado, 49% menos que o pico recente de 3.967 aparições em 2005. O estudo define como incidente o uso ou a forma implícita de um produto a base de tabaco por um ator, com um novo incidente ocorrendo a cada vez que um derivado do tabaco sai e volta da tela, ou quando um ator diferente é mostrado com tabaco.
Nos últimos anos, os grandes estúdios têm adotado políticas para limitar a aparição de tabaco em filmes, em especial nos que são destinados ao público jovem. Em 2008, o órgão que define a faixa etária de produtos de entretenimento passou a incluir situações de tabagismo para restringir a idade recomendada para exibição.
Os dados divulgados na quinta-feira foram incluídos em um relatório de morbidade e mortalidade pelos CDC e foram compilados por pesquisadores sob a supervisão de Stanton Glantz, diretor do Centro de Pesquisas e Educação para o Controle do Tabaco da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que tem usado sua posição para se opor ao tabagismo em filmes. “Este é um substancial passo adiante”, disse Glantz na entrevista que se seguiu à divulgação do relatório.
Mas Glantz assinalou que seu grupo descobriu que mais da metade de todos os filmes destinados ao público maior de 13 anos avaliados mostravam cigarros. Recentemente, o site scenesmoking.org, para o qual Glantz coladora, apontou Remember Me, classificado para 13 anos, como um exemplo de filme voltado à juventude que mostra o herói sonhador com um cigarro na mão.
O novo estudo, pago pela American Legacy Foundation e pelo Programa de Controle do Tabaco da Califórnia, examinou cenas com fumo entre os filmes de maior bilheteria entre 1991 e 2009. Em geral, o estudo constatou que o número de incidentes com cigarros em cena subiu e caiu na década de 1990. Em seguida, subiu até atingir o pico em 2005, antes de diminuir. Estima-se entre 30 bilhões e 60 bilhões o número de “impressões” de tabaco em espectadores a cada ano, entre 1991 e 2001. O número caiu para 17 bilhões no ano passado. A impressão significa que uma pessoa viu um incidente com cigarro.
Na entrevista coletiva de quinta-feira, Glantz disse que Avatar, um filme classificado para 13 anos, em que Sigourney Weaver aparece com destaque fumando, tinha sido um dos principais responsáveis para as “impressões”, em cinemas e em formatos de entretenimento doméstico.
O relatório observou que um número de organizações de saúde tem pressionado a indústria cinematográfica para atribuir classificação adulta para qualquer filme que retrate o uso de tabaco – o que limitaria severamente o acesso de jovens a tais filmes. A Motion Picture Association of America, que auxilia a supervisionar a classificação etária, tem resistido às pressões por desnecessárias e restritivas.
A diretora do Centro Nacional de Saúde para Prevenção de Doenças Crônicas e Promoção da Saúde, Ursula Bauer, disse que as imagens de atores fumando continuaram a alimentar o que ela chamou de “índices inaceitáveis” de tabagismo entre jovens. “Mais trabalho precisa ser feito”, disse Ursula.