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Estudo sugere que duas doses de CoronaVac não neutralizam a ômicron

Segundo a pesquisa, duas aplicações do imunizante da farmacêutica chinesa Sinovac não são o bastante e será necessário reforço para melhorar eficiência

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 dez 2021, 10h26 - Publicado em 15 dez 2021, 09h56

A CoronaVac, vacina da Sinovac, uma das mais utilizadas no mundo contra a Covid-19, não oferece anticorpos suficientes quando ministrada em duas doses para neutralizar a variante ômicron, mostra um estudo realizado pela Universidade de Hong Kong, publicado na noite da terça-feira 14, na revista médica Clinical Infectious Diseases. Segundo os primeiros resultados de testes laboratoriais, será necessária a dose de reforço para melhorar a proteção do imunizante, que no Brasil é produzido pelo Instituto Butantan, em São Paulo. “Em um grupo de 25 pessoas vacinadas com duas doses de CoronaVac, nenhuma mostrou anticorpos suficientes em seu soro sanguíneo para neutralizar a ômicron”, disseram pesquisadores da Universidade de Hong Kong, liderados pelo professor Kwok-Yung Yuen, especialista em doenças infecciosas.

Na semana passada, a farmacêutica chinesa, sediada em Pequim, divulgou conclusões de estudos próprios dando conta de que sete em cada 20 pessoas – cerca de 35% – que receberam duas doses da vacina haviam produzido anticorpos suficientes para neutralizar a ômicron. O resultado melhorou um pouco quando uma injeção de reforço foi adicionada à cobertura vacinal. “Entre um grupo de 48 pessoas que receberam três doses, 45 delas, ou seja, 94%, tinham anticorpos suficientes para neutralizar a nova cepa”, disse a empresa, não entrando em detalhes se o estudo ou as descobertas seriam publicadas em um jornal ou revista científicos. Vale ressaltar que a pesquisa tem amostragem pequena e as distinções nos perfis de idade e saúde dos indivíduos são potencialmente responsáveis ​​pelas diferenças nos resultados.

Embora ainda seja preciso avançar no entendimento da resposta da CoronaVac à ômicron, os resultados iniciais apontados pelos estudiosos de Hong Kong são motivo de preocupação para aqueles que receberam 2,3 bilhões de doses de CoronaVac. Como a nova variante é mais transmissível do que a delta, a necessidade de acelerar as campanhas de reforço ou mesmo revacinar com uma injeção mais específica para a ômicron vai atrasar os esforços mundiais para o término da pandemia.

Caso a injeção da Sinovac seja considerada ineficaz contra a ômicron em estudos mais conclusivos, a China, que conseguiu isolar a maioria de sua população mantendo fronteiras fechadas e severas medidas de contenção, enfrentará dificuldades na contenção da pandemia, disseram os especialistas. O governo chinês distribuiu 2,6 bilhões de vacinas – muitas delas, a CoronaVac – para sua população de 1,4 bilhão de pessoas, mas agora enfrenta a perspectiva de ter que desenvolver novas vacinas antes que possa mudar sua atual postura de isolamento. “Entre outros países que utilizam a CoronaVac, as ondas de infecção anteriores teriam conferido alguma imunidade natural que ajudaria a garantir um menor impacto da ômicron”, disse Benjamin Cowling, professor de epidemiologia da Universidade de Hong Kong.

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Mas as populações da China continental e de Hong Kong não experimentaram nenhuma infecção anterior em grande escala, o que as deixa vulneráveis. “As autoridades chinesas trabalharam muito para ter uma alta taxa de vacinação em todo o país, mas a mutabilidade do vírus significa que o impacto desses esforços foi significativamente reduzido”, afirmou Nicholas Thomas, professor associado da City University of Hong Kong, autor de diversos livros sobre política externa e saúde pública. “O duplo desafio que a China enfrenta agora é como garantir que sua população seja novamente protegida contra a ômicron e quaisquer mutações futuras, além de gerenciar os fluxos de bens e pessoas por meio de suas fronteiras quando o resto do mundo está se movendo para conviver com o vírus” acrescentou.

Até o momento, a China detectou dois casos de ômicron em viajantes que retornavam de outros países, sendo que um deles foi identificado duas semanas depois de entrar no país. Os pesquisadores da Universidade de Hong Kong aconselharam o público a tomar uma terceira dose da vacina o mais rápido possível, enquanto aguardam a próxima geração de imunizantes. A Sinovac, por sua vez, está conduzindo mais pesquisas para avaliar o impacto da nova cepa em sua vacina, segundo informou um representante da empresa.

O estudo da Universidade de Hong Kong também analisou a vacina de RNA mensageiro desenvolvida pela Pfizer/BioNTech. Das 25 pessoas que receberam duas doses do imunizante, cinco tiveram capacidade neutralizante contra a nova variante, apontaram os cientistas. Resultado que vai ao encontro das descobertas divulgadas na semana passada pelas empresas.

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