O “Dr. Google” é considerado a fonte menos qualificada para fazer qualquer diagnóstico de saúde. Pelo menos entre especialistas. No entanto, um estudo publicado recentemente no periódico científico Medical Journal of Australia sugere exatamente o contrário. Segundo a pesquisa, fazer uma busca na internet sobre os sintomas, antes de procurar o serviço emergencial, pode ser útil para garantir um atendimento mais eficaz.
A explicação é a seguinte: a busca rápida permite que o paciente esteja mais bem preparado para fazer perguntas, o que pode melhorar a comunicação com o médico. Entretanto, os pesquisadores advertem que a rede deve ser consultada apenas em casos de emergência mais leves, onde não há risco de vida, como o aparecimento de dores estranhas e prolongadas, por exemplo.
Para chegar a essa conclusão, a equipe de pesquisa reuniu informações de 400 participantes que frequentavam clínicas especializadas em tratamento de disfunção erétil. Os pesquisadores avaliaram com que frequência eles buscavam informações sobre saúde na internet e se havia benefícios reais na prática. Os resultados mostraram que 49% dos pacientes faziam pesquisas on-line regularmente; e 34,8% deles admitiram consultar a internet antes de comparecer ao atendimento de emergência.
De acordo com a pesquisa, a área de saúde é a segunda temática mais pesquisada na plataforma Google, representando quase 5% do total mundial de mais de dois trilhões de pesquisas realizadas em 2016.
Prós e contras
Embora os médicos suspeitem que o paciente faça uma busca na internet antes de aparecer no consultório, eles alertam para o risco de que esse hábito possa ser prejudicial, já que as informações costumam causar preocupação desnecessária. Esse fato foi confirmado pela pesquisa australiana: 40% dos entrevistados concordaram que obter informações sobre saúde na internet os deixavam preocupados ou ansiosos.
Por outro lado, os participantes disseram que uma rápida consulta à rede geralmente teve um impacto positivo na visita ao médico. “Os pacientes relataram ser mais capazes de fazer perguntas informadas, comunicar-se de forma eficaz e compreender o médico”, disseram os pesquisadores. Além disso, 78,9% dos participantes afirmaram que as informações adquiridas através do Google não reduziiram sua confiança no diagnóstico médico e 91,1% disseram ter seguido à risca o tratamento recomendado pelos profissionais de saúde.
Os pesquisadores também avaliaram os conhecimentos de saúde provindos da rede usando um questionário específico. A análise das respostas mostrou que as pessoas que pontuaram mais alto nessa avaliação apresentaram maior probabilidade de ter pesquisado os próprios sintomas antes procurar a emergência. Para a equipe, isso pode ser um indicativo de que esses indivíduos estão mais propensos a procurar ajuda profissional mais cedo e garantir o diagnóstico precoce, qualquer que seja a doença.
Outro dado importante mostrou que a maioria dos sites visitados era de hospitais e clínicas especializadas, enciclopédias on-line e páginas universitárias, demonstrando que os pacientes não estavam recorrendo às redes sociais, uma das principais fontes de fake news.
Reconhecimento médico
Apesar das descobertas, os pesquisadores afirmam que não foi possível determinar a opinião dos profissionais de saúde em relação a busca por informações na internet, uma vez que os entrevistados eram todos pacientes. Entretanto, eles comentam que, dado o aparente impacto positivo para os participantes, os médicos de consultório e de emergência devem considerar esta alternativa e estarem preparados para discutir on-line informações de saúde com os pacientes.
Eles ainda dizem que procurar informações na rede pode ser de grande ajuda, mas demanda cautela. Além disso, as recomendações médicas devem sempre ser seguidas, afinal, eles estudaram para isso.