As cidades dos Estados Unidos que não adotaram um isolamento social rígido apresentam até 35 vezes mais casos do novo coronavírus. É o que concluiu uma pesquisa realizada pelo jornal Health Affairs, especializado em saúde pública americana, publicada na quinta-feira 14.
O estudo analisou os números nos Estados Unidos entre os dias 1º de março e 27 de abril, após os governos estaduais e locais imporem medidas de distanciamento social para conter a propagação da doença. Os pesquisadores avaliaram o comportamento de cada região a partir da adoção de quatro medidas: proibição de eventos, fechamento de escolas, fechamento de locais de entretenimento (como academias, bares, áreas de refeições de restaurantes) e o isolamento social dentro de casa.
A continuidade do isolamento nos lugares que adotaram as medidas permitiu uma redução na curva de crescimento da propagação da Covid-19. “A adoção das medidas de distanciamento social impostas pelo governo reduziu a taxa de crescimento diário da doença em 5,4 pontos porcentuais após cinco dias, em 6,8 entre seis e dez dias, em 8,2 entre 11 e 15 dias e em 9,1 entre 16 e 20 dias.”
A conclusão a partir do estudo dos dados foi que as cidades que mantiveram o distanciamento social voluntário tiveram 10 vezes menos casos em relação às em que a população voltou a sair de casa. Já na comparação entre os locais que não aderiram as quatro principais medidas no combate à doença e os que não aderiram nenhuma, a diferença no volume de pacientes foi de 35 vezes.
A versão do estudo publicada ainda não está completa. Os pesquisadores divulgaram a primeira versão do manuscrito, mais enxuta, com os dados principais. A versão final editada aparecerá na próxima edição da Health Affairs. “Nosso artigo ilustra o perigo potencial de disseminação exponencial na ausência de intervenções, fornecendo informações relevantes para estratégias de reinício da atividade econômica”, alega o primeiro documento divulgado.