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Estudo nacional investiga como o clima influencia a transmissão de vírus respiratórios

Trabalho feito no Sul do país aponta que frio e umidade afetam comportamento de alguns vírus respiratórios; covid parece ir na contramão dos demais patógenos

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 nov 2024, 17h09 - Publicado em 5 nov 2024, 17h08
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  • Um estudo conduzido pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, analisou a relação entre variações climáticas e a prevalência de vírus respiratórios no sul do Brasil, região de clima subtropical. A pesquisa avaliou mais de 3.300 testes de detecção de patógenos respiratórios realizados entre abril de 2022 e julho de 2023. Mirando a associação entre temperatura, umidade relativa e pressão atmosférica e a disseminação dos patógenos, o trabalho traz descobertas importantes e específicas para o contexto brasileiro.

    Entre os vírus analisados, os mais prevalentes foram o rinovírus, responsável pelo resfriado comum, e o vírus sincicial respiratório (VSR), que afeta principalmente crianças pequenas e idosos. Esses agentes apresentaram uma leve correlação com o clima, com uma tendência maior de prevalência em condições de frio e umidade.

    No entanto, os pesquisadores classificaram tal associação como fraca, ou seja, as condições climáticas mostraram-se menos influentes na circulação desses vírus do que se esperava. Em outras palavras, embora tenha algum impacto, o clima não é o grande fator por trás da disseminação dos patógenos.

    Os dados indicaram uma taxa de positividade de 71,6% entre os testes realizados para os vírus investigados. Desse total, o VSR foi detectado em 21,6% dos casos e o rinovírus em 17,2%, destacando-se como os agentes infecciosos mais comuns. Além deles, o vírus influenza, responsável pela gripe, foi identificado em 5,9% dos casos, enquanto o SARS-CoV-2, causador da covid-19, apareceu em 4,4% das amostras.

    Covid-19 e comportamento em relação ao clima

    O SARS-CoV-2, causador da covid-19, diferentemente dos outros patógenos analisados, demonstrou uma correlação ligeiramente positiva com a temperatura. Isso significa que, em vez de se tornar mais prevalente em condições de frio, como ocorre com o rinovírus e o VSR, o SARS-CoV-2 teve uma leve tendência de aumento em ambientes mais quentes.

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    Esse comportamento sugere que a circulação desse vírus pode ocorrer de forma menos dependente das variações climáticas tradicionais, destacando sua resistência em diferentes condições de temperatura e umidade. Essa descoberta é importante porque indica que, ao contrário de outros vírus respiratórios que tendem a ter picos em climas mais frios, o SARS-CoV-2 pode manter sua transmissibilidade em diferentes condições ao longo do ano.

    Implicações do estudo e possíveis desdobramentos

    Os pesquisadores do Hospital Moinhos de Vento enfatizam que a influência do clima é modesta. Eles observam que fatores como o comportamento humano, incluindo o retorno às aulas e o aumento de interações em ambientes fechados, devem ter um impacto ainda mais significativo na disseminação dos vírus respiratórios. Esse aspecto é particularmente relevante no caso de patógenos como o VSR, que costuma circular amplamente entre crianças que frequentam creches e escolas.

    O estudo nacional é um dos poucos a analisar a relação entre clima e vírus respiratórios em uma região subtropical, especialmente em um momento pós-pandêmico. “Esse é um dos grandes diferenciais do trabalho, principalmente no contexto do aquecimento global. Essa relação tende a aparecer cada vez mais em países de clima temperado, que passarão a se comportar como as regiões de clima subtropical. O que acaba impactando diretamente as políticas públicas de prevenção”, afirmou Luiz Antonio Nasi, superintendente médico do Hospital Moinhos de Vento.

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    Entender como o clima influencia (ou não) o comportamento viral é fundamental para ajustar planos de prevenção e controle de infecções, especialmente considerando o impacto potencial das mudanças climáticas. À medida que algumas regiões temperadas passam a enfrentar condições mais semelhantes às de climas subtropicais, a prevalência de infecções respiratórias pode se tornar mais dinâmica, exigindo estratégias de prevenção adaptadas às novas realidades.

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