Alimentos com ômega-3 (peixes) e leucina (soja e laticínios) ajudam o organismo de pacientes com diabetes tipo 1 a produzir mais insulina. Segundo um estudo da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, nos Estados Unidos, e publicado no periódico Diabetes Care, esses alimentos conseguem barrar a condição por cerca de dois anos em jovens recém diagnosticados – mas não excluem a necessidade de tratamento terapêutico.
No diabetes tipo 1, o sistema imunológico reconhece como inimigas e ataca as células que produzem a insulina, um hormônio que ajuda a controlar a taxa de açúcar no sangue. Em algumas situações, no entanto, pessoas com a doença continuam a produzir alguma quantidade – mesmo que insuficiente – desse hormônio. Assim, é necessário o monitoramento dos níveis de glicose várias vezes ao dia, além da reposição de insulina no organismo.
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DIABETES TIPO 1
Neste tipo da doença, a produção de insulina no pâncreas é insuficiente . Os pacientes precisam, então, de doses extras diárias (injeções) de insulina para conseguir manter a glicose em níveis normais. A doença é mais comum em crianças, adolescentes e jovens adultos. O aumento da doença pode ser explicado por sua etiologia multifatorial: ela pode ser desencadeada por infecções virais e aumento de peso, por exemplo.
DIABETES TIPO 2
Enquanto a diabetes tipo 1 ocorre pela falta da produção de insulina, na do tipo 2 a insulina continua a ser produzida normalmente, mas o organismo desenvolve resistência ao hormônio. É causada por uma mistura de fatores genéticos e pelo estilo de vida: 80% a 90% das pessoas que têm o tipo 2 da diabetes são obesas.
Segundo o novo estudo, alimentos que contenham ômega-3, um tipo de gordura presente em peixes, azeite e amêndoas, ou leucina, um aminoácido encontrado principalmente em alimentos ricos em proteína, como soja, carnes e laticínios, ajudam jovens recentemente diagnosticados com diabetes tipo 1 a continuar produzindo certa quantidade de insulina durante até dois anos.
Apesar do benefício, esses alimentos não eliminam a necessidade de reposição de insulina por meio de injeções. Mas diminuem a quantidade do hormônio que é preciso repor e ajudam a controlar a glicose e a prevenir possíveis complicações da doença. Por isso, os autores do estudo reforçam que a pesquisa ainda é muito inicial e não deve fazer com que os pais de crianças com diabetes tipo 1 deixem de seguir as orientações médicas para tratar a doença.
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Análise – Para realizar a pesquisa, os autores analisaram 1.316 crianças e adolescentes de até 20 anos que haviam sido diagnosticados com diabetes tipo 1 há dez meses ou menos. Os participantes forneceram aos pesquisadores informações sobre seus hábitos alimentares e tiveram amostras de sangue recolhidas para que os especialistas analisassem seus níveis de certos nutrientes e também de insulina. Os jovens foram acompanhados durante dois anos e, no final do estudo, os autores voltaram a analisar os níveis de insulina de cada um.
“É possível que existam outras maneiras de melhorar a produção de insulina depois do diagnóstico de diabetes tipo 1. Dentro do contexto de uma dieta saudável, produtos ricos em proteína e alimentos como o salmão, por exemplo, podem ajudar. Mas os pais não devem esperar que esses alimentos façam um milagre. Seus filhos ainda vão precisar de insulina”, diz Elizabeth Mayer-Davis, chefe do departamento de nutrição da Universidade da Carolina do Sul e coordenadora do estudo.
Segundo a pesquisadora, novos trabalhos precisam ser feitos para confirmar esse achado. Além disso, ela acredita que é impossível dizer, a partir desse estudo, se tais alimentos também podem ajudar pessoas com diabetes tipo 2.