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Enchentes no RS acendem alerta para risco de epidemias de doenças graves

De diarreias à dengue, algumas infecções são comuns em situações como essa, que potencializa a contaminação e proliferação de mosquitos

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 Maio 2024, 13h14 - Publicado em 18 Maio 2024, 12h44

Além das tristes estatísticas de 155 mortos e 94 pessoas desaparecidas após as chuvas no Rio Grande do Sul, divulgadas neste sábado 18, pela Defesa Civil do estado, e a visão da tragédia com casas alagadas e animais mortos por todo lugar, a população gaúcha ainda tem que se preocupar com mais um grande problema trazido pelas enchentes: a possibilidade de aumento significativo de doenças como diarreias, hepatites, febre tifoide, leptospirose, tétano, raiva e até dengue, que registra o maior surto no país nos últimos anos, com 4,9 milhões de casos e 2.768 óbitos só neste ano, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses, do Ministério da Saúde.

As pessoas estão sob forte risco de epidemias dessas doenças, que são bastante comuns em situações como essas e que aumenta significativamente o impacto de uma tragédia, se não anunciada, pelo menos esperada”, afirma Renato Kfouri, pediatra infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Segundo o especialista, a exposição às águas de enchentes, a falta de saneamento e água potável, a ingestão de alimentos sem a adequada higiene e a proliferação de mosquitos transmissores de doenças, além do convívio em aglomerações, são exemplos de situações que colocam em risco a saúde dessas pessoas impactadas pela tragédia climática, em especial os grupos de riscos – crianças, idosos, gestantes e portadores de doenças crônicas.

Água contaminada, contato e mosquitos

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A transmissão e disseminação de doenças provocadas por enchentes se dividem em três categorias: por ingestão de água e alimentos contaminados, por contato ou por picadas de mosquitos.

As diarreias, por exemplo, são bastante comuns em situações como essa, já que são provenientes de manifestações intestinais por conta de ingestão de água ou alimentos contaminados. Outras doenças comuns em locais de enchentes são a febre tifóide (Salmonela) e a hepatite A, inflamação no fígado causada por um vírus, que causa amarelamento na pele, urina escura e fezes esbranquiçadas.

“Na maioria das vezes, tem boa evolução, porém, pode levar a quadros fulminantes que necessitam transplante de fígado. Não são raros os surtos da doença em locais de enchentes”, diz Kfouri.

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As doenças por contato também merecem atenção nessas calamidades tais como a leptospirose, transmitida pela urina do rato e bastante disseminada em águas de enchentes, que entram pelo organismo por meio de ferimentos ou das mucosas (olhos, nariz e boca), levando a quadros potencialmente graves de dores no corpo, febre, cansaço, vermelhidão na pele, náuseas e até meningite. “Sua forma mais grave com sangramentos pode levar à morte”, atesta o médico, acrescentando ainda o perigo do tétano para essas populações. “Os acidentes com perfurações e cortes por materiais contaminados podem causar o tétano, doença que ainda ocorre em nosso país e de alta letalidade”.

Por fim, o Kfouri alerta para o perigo da dengue, já que o mosquito vetor, Aedes aegypti, se reproduz em água parada, sendo potencialmente perigoso em locais de enchentes, onde existem muitos pontos de acúmulo de água. “São criadouros ideais para os mosquitos que transmitem não só a dengue, mas também a febre amarela, a zika e a chikungunya”, afirma o médico, que lembra ainda do cuidado com animais peçonhentos (cobras, aranhas, escorpiões), que além das mordeduras, podem transmitir raiva.

As autoridades sanitárias precisam estar atentas e ter planos de contenção, diagnóstico e tratamento dessas condições, além de orientar sobre as principais formas de prevenção”, diz Kfouri. “Se tiver algum sintoma, lembrar de informar ao profissional da saúde que teve contato com água de enchentes, porque essa informação certamente facilitará o encaminhamento, diagnóstico e o tratamento adequado”, finaliza o médico.

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