De acordo com o IFLScience, a teoria que inspirou o estudo é considerada controversa já que muitos especialistas acreditam que o uso de uma dieta baixa em carboidratos para combater o diabetes tipo 1 poderia aumentar o risco de hipoglicemia (quedas drásticas nos níveis açúcar no sangue). Entretanto, a pesquisa apresentou taxas de hospitalização relacionadas à hipoglicemia de apenas 1%, valor abaixo do normal.
Diabetes tipo 1
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, cerca de 5% a 10% das pessoas diagnosticadas com a doença têm o tipo 1. Essa forma de diabetes acontece quando o sistema imunológico dos indivíduos ataca, erroneamente, as células beta, responsáveis por sintetizar e secretar o hormônio insulina, que regula os níveis de glicose no sangue. Como resultado desse mau funcionamento do organismo, a glicose fica no sangue, em vez de ser usada como energia.
O diabetes tipo 1 se manifesta geralmente na infância ou adolescência, mas também pode ser diagnosticado em adultos. A doença é sempre tratada com insulina, medicamentos e atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue.
Carboidratos e Diabetes
A pesquisa, realizada pelo Boston Children’s Hospital, nos Estados Unidos, analisou 316 pessoas que participam de um grupo do Facebook defensor de uma dieta baixa em carboidratos para tratamento do diabetes tipo 1. Deste total, 138 tiveram o diagnóstico de diabetes confirmado; 42% dos participantes eram crianças.
A ingestão diária média de carboidratos dos participantes se manteve em 36 gramas – apenas 5% de suas calorias totais, muito abaixo dos 45% recomendados pela Associação Americana de Diabetes. Os valores de hemoglobina A1c, principal medida de açúcar no sangue, mostraram que uma dieta pobre em carboidratos mantém as taxas de açúcar no sangue em 5,67%. Segundo a equipe, esses resultados foram atingidos graças a baixa ingestão de carboidratos.
A meta determinada pelos pesquisadores era de manter as taxas abaixo dos 7% em pessoas com diabetes tipo 1. Para chegar a esse valor era necessário diminuir as doses de insulina. “O controle do açúcar no sangue parecia quase bom demais para ser verdade. Não é nada que normalmente vemos na clínica para diabetes tipo 1”, disse Belinda Lennerz, principal autora do estudo, ao The New York Times.
No entanto, os cientistas admitem que o ponto de limitação do estudo está no fato de os resultados terem sido registrados pelos próprios participantes.
Recomendações médicas
Embora o estudo tenha dado bons resultados e traga uma opção viável para o tratamento da diabetes tipo 1, os pesquisadores alertam que as pessoas com a doença não devem alterar a dieta com base na pesquisa já que mais testes precisam ser conduzidos para confirmar os resultados alcançados. “À luz das limitações do estudo, essas descobertas por si só não devem ser interpretadas como suficientes para justificar uma mudança no controle do diabetes”, recomendou o relatório.