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Coronavírus: os impasses de um lockdown em São Paulo

Fontes ouvidas por VEJA apontam que aumentar o isolamento social é uma necessidade urgente, mas medidas mais restritivas terão empecilhos

Por Mariana Rosário Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 Maio 2020, 19h38 - Publicado em 22 Maio 2020, 14h09

No próximo domingo, 24, São Paulo completa dois meses em quarentena para conter o avanço do novo coronavírus em todo o estado. O ciclo de sessenta dias é concluído justamente em um período de maior avanço da doença em cidades do interior e praticamente 90% de ocupação dos leitos hospitalares da Grande São Paulo. As taxas do isolamento social que mal chegavam em 50% durante o mês de maio são medianas e, portanto, insuficientes para conter o impacto do vírus da forma desejada. Esse cenário levantou a possibilidade de que os paulistas teriam de passar por um período de lockdown para evitar um colapso no sistema de saúde. A medida, no entanto, divide opiniões e talvez não possa ser implantada como esperado na realidade de São Paulo.

Caso o lockdown fosse adotado, acredita-se que pico de casos em SP ocorreria em junho e a pandemia estaria controlada em um mês. Sem essa medida, a maior possibilidade é que o pico ocorra em julho e que reflexos da Covid-19 sejam sentidos até o fim de 2020.

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Para que a restrição ocorra conforme experimentado em outros locais do mundo, como nos Estados Unidos e na França, é preciso restringir fronteiras, monitorar constantemente a população com policiais (ou drones), estipular pagamento de multas entre outras medidas extremas de contenção, algo “impraticável” em São Paulo, de acordo com fontes ligadas ao Governo Estadual e Municipal ouvidas por VEJA.

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O lockdown na região metropolitana, por exemplo, demandaria a contenção e acompanhamento de cerca de de 21 milhões de pessoas, algo que o atual contingente policial do estado não daria conta. Se apenas a capital paulista entrasse no esquema de grande restrição (deste modo, seriam 12,2 milhões de pessoas em maior esquema de maior confinamento), tampouco seria efetivo em decorrência da proximidade com cidades da região metropolitana como Diadema, Caieiras, Guarulhos, Osasco que fazem divisa com a cidade — e a população segue constantemente atravessando as fronteiras. A própria prefeitura, inclusive, não seria capaz de determinar sozinha tal medida, uma vez que seria necessário o uso de contingente policial, que fica sob atribuições do Estado.

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Um lockdown efetivo, apontam as fontes, teria que levar em conta diversas macrorregiões como a Baixada Santista, Campinas o Vale do Paraiba e, evidentemente, a Grande São Paulo inteira, o que mais uma vez seria altamente comprometido pela necessidade de monitoramento de pessoas e comércios, sem contar a negociação com prefeitos locais — que tentam buscar para si autonomia de suas regiões.

Esses impeditivos, no entanto, não mudam a necessidade urgente aumentar o distanciamento social entre os paulistas. O Governo já avalia de forma positiva o isolamento em decorrência do feriadão instalado desde quarta-feira, 20. Há o aceno de que uma possibilidade de maior fechamento da quarentena ocorreria por meio de medidas parecidas, mantendo-se o atual cenário mas com ajustes específicos, caso do aumento nas restrições do que é considerado serviço essencial. Se nada for feito e o isolamento seguir em desaceleração, estima-se que no meio do mês de junho o sistema de saúde paulista chegue ao estado de esgotamento total.

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